quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

conversa entre professores

Luís Felipe de Alencastro, historiador e autor do livro "Trato dos Viventes" e personagem dessa história. Professor da UFMA recebe uma ligação em seu telefone fixo. Do outro lado da linha, falava Paulo Arantes, filósofo. Conversa vai, conversa vem, Paulo Arantes pergunta ao professor se ele lera Trato dos Viventes. Pergunta esta que o professor respondeu que não e nem que tinha interesse. Esse diálogo aconteceu no começo dos anos dois mil. O professor da UFMA em questão não morria de amores por esse tipo de produção intelectual. A tentativa de explicar o Brasil e sua formação por meio de grandes narrativas. Ele desconfiava de teses como a de Alencastro que tentavam dar uma resposta definitiva ao problema Brasil. Desconfiava também de qualquer música que não fosse experimental. O mangue beat não lhe dizia nada porque remetia a uma modernidade que nunca se completava no Brasil. O máximo de concessão que fazia era escutar Nação Zumbi cujos discos dialogavam com o tropicalismo rock dos anos 80 e manifestações folclóricas do nordeste brasileiro. Ele dizia ao fim e aí cabo que vivíamos o simulacro da coisa e do real, citando Baudrillard, pensador francês.

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