Quem sabe um dia alguém se digne
a e indigne-se ao pesquisar os povos indígenas que habitavam o nordeste
maranhense. Não se está falando de povos que viveram em épocas remotas e que
desapareceram por razões inexplicáveis. Quer-se crê na falta de solução de um mistério.
Por acaso, alguém se declara indígena no nordeste maranhense? Como não se tem
noticia de indígenas, por certo não os haverá. Ou se houve, não deixaram noticias
dos seus feitos para os que vieram depois. Talvez seus feitos indignassem quem
tomasse conhecimento deles. Talvez seus feitos carregassem a marca da inaptidão,
decorrido certo tempo. A dona Maria, moradora de Brejão, município de Buriti,
provavelmente, sabe da sua ascendência e sabe como seus pais e avôs se vestiam,
sabe do que eles falavam, sabe o que comiam mais e o que comiam menos, sabe os nomes
deles, o quanto são inesquecíveis, sabe se rezavam ou não sabe e sabe quem
quebrava coco babaçu para tirar o azeite. Ela se recorda de um avô ou de um
parente indígena? Ninguém perguntou a respeito. As vezes em que escutou algo
sobre o assunto a depreciaram de tal forma que caíram no esquecimento
rapidamente. O modo mais respeitoso com que tratavam lugares distantes como
Brejão era “terra de índio”. Como se só vivessem índios nesses lugares. O meu
marido é negro e eu sou branca. Apresentarmo-nos como índios passa atestado de indigência.
O meu marido é orgulhoso por viver dos seus próprios recursos. Isso que
importa.
Mayron Régis
Nenhum comentário:
Postar um comentário