A poeira não acaba. Ela so muda seu visual caracteristico. No inverno, ela amolece. No verão, ela endurece. No inverno, o carro fica preso na lama. No verão, o carro derrapa no areal. Pelo menos, o carro protege um pouco os pés de se sujar ou protege o corpo da insolação. Os quilombolas de Barro Vermelho não tem escolha. Para sustentarem suas familias, eles vendem suas forças de trabalho para as fazendas vizinhas. Antes, eles não vendiam. A familia Leite, proprietária do Barro Vermelho, obrigava-os a doarem suas forças de trabalho. A fazenda que os quilombolas roçavam ficava nas imediações, mas os seus familiares descartaram chama-los. "Da sede da fazenda até onde eles roçam, é chão." Só voltariam no fim da tarde. Pensara na irmã de Zé Orlando a fim de repassar algumas informações. Ela se embrenhara pelos vestigios de babaçuais que se sobressaem aqui e acola. Marcara sua volta para o meio dia. Sem as lideranças, a comunidade de Barro Vermelho se tornava ainda mais reclusa., sem querer saber do mundo que a circundava. "Cadê os capotes?" perguntou ao filho de Francisca. "Durante o dia, eles vagueiam pela beira do rio Munim e a tardezinha tomam o caminho de volta." A Francisca o esclarecera desse fato. Não puderam descer e sentir o rio. As quilombolas de dentro da água avisaram que uma mulher lavava as suas roupas nua. O rio Munim continha água e muita areia. O rio devia ser um só e virara várias lagoas em seu percurso. Alguns dias depois, Francisca cobra o porque de não a terem esperado. Sem tempo. Ainda foram a Urbano Santos e Barreirinhas. "No dia seguinte, eu prendi os capotes caso voces voltasse,." Prender capote?!!! Essa era nova. "Eles são mansos", completou Francisca.
Mayron Régis
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