domingo, 12 de setembro de 2010

Oficina de Justiça Climática debate conseqüências da crise do clima para as populações tradicionais

Entre os dias 25,26 e 27 de agosto, o Terramar realizou em parceria com as instituições do nordeste que pertencem ao GT Direito à Terra, Água e Território da Aliança Icco, uma oficina de formação e partilha sobre justiça climática. Confira aqui como foram os debates e a participação de representantes das populações tradicionais do cerrado, da caatinga e da Zona Costeira.


A Oficina de Justiça Climática no Nordeste, realizada nos dias 25, 26 e 27 de agosto na Prainha do Canto Verde reuniu cerca de quarenta representantes do GT DTAT Direito à Terra, Água e Território formado pela Organização Intereclesiástica de Cooperação para o Desenvolvimento (ICCO) e por um grupo de 14 organizações no Brasil. A finalidade foi perceber como os impactos decorrentes das mudanças climáticas no mundo interferem nos territórios das populações tradicionais da Zona Costeira, Semi árido e Cerrado.


A abertura promovida no Centro de Formação Frei Humberto do MST, contou com a participação de Jean Pierre Leroy, educador e ambientalista que falou sobre a discussão da crise climática no âmbito macro político e a dificuldade do debate chegar ao conhecimento das comunidades de forma efetiva. Ainda na abertura, o Fórum de Defesa da Zona Costeira do Ceará FDZCC apresentou a reformulação do Portal do Mar, construído de forma coletiva, com o propósito de servir como ferramenta de monitoramento e denúncia da violação de direitos vivida pelas populações da Zona Costeira.

A oficina continuou na Prainha do Canto Verde, a partir de uma roda de conversa com Marcelo Calazans, sociólogo e pesquisador da FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional) que problematizou sobre as políticas de compensação ambiental debatidas pelas grandes conferências do clima. À tarde, os participantes formaram grupos de trabalhos abordando os biomas Zona Costeira, Caatinga e Cerrado. A proposta foi cada grupo relatar de que forma eles percebem as mudanças climáticas em sua região.

A iniciativa de realização da Oficina possuiu caráter de formação. Por se tratar de um tema que impacta diretamente as populações tradicionais, mas que geralmente é apresentado por meio de uma linguagem inacessível, principalmente quando o assunto são as negociações travadas nas instâncias oficiais sobre as mudanças do clima. Todas/os puderam participar do processo de aprendizado desde a introdução até as questões mais complexas que envolvem as questões socioambientais sobre o clima mundial, fazendo um paralelo com realidade vivida em seus territórios.


Os depoimentos dos participantes dos estados do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas juntamente com o Ceará, evidenciaram como o Nordeste é uma região fortemente atingida pelos mecanismos de produção capitalista, apoiado no discurso da modernidade e tecnologia, se utiliza de práticas perversas para sua manutenção, desrespeitando assim o meio ambiente e os direitos dos povos tradicionais.

No último dia, Raquel Rigotto, médica do Núcleo Tramas da Universidade Federal do Ceará - UFC sistematizou as experiências das comunidades, fazendo uma ponte entre o saber popular e o científico. Como encaminhamento da oficina, todos contribuíram para a elaboração do documento público: Carta do Canto Verde sobre Justiça Climática no Nordeste - Afirmação dos territórios das comunidades tradicionais como estratégia para enfrentamento à crise climática.


O encerramento do encontro, como não podia deixar de ser, aconteceu ao som e dança de muita ciranda.

Por: Terramar

www.terramar.org.br

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