segunda-feira, 9 de maio de 2022

A lembrança

Se pudesse lembrar de todos os fatos de sua vida até aquele momento. Como seria a sua vida? Viveria para lembrar ou viveria eternas lembranças? É praticamente impossível a pessoa se lembrar de tudo o que viveu, o que viu, o que leu, o que escreveu porque se pudesse lembrar tudo sem que nada escapasse o que viveria? Por mais absurda que possa aprecer a ideia de relembrar minuto a kminuto, ela é possível de outras formas. Comprar, ler e colecionar livros são formas de não esquecer o que se passou consigo e com pessoas que a pessoa nem teve contato. É incrível que possa escrever sobre situações e experiências que não se ivenciou. Pode ser que na verdade o escritor escreva baseado somente no seu eu. Coreto, contudo só a subjetividade de uma pessoa não é capaz de dar conta de relembrar fatos que sequer esteve presente ou apenas ouviu falar ou apenas leu rápido.para ser capaz de relembrar o escritor interage com uma infinidade de lembranças, experiências e situações que chegam a ele por diversos meios. As revistas semanais e mensais foram um grande meio de obtenção de informações por parte da sociedade burguesa e capitalista. Em boa parte, esses meios foram abandonados para darem lugar a outros meios mais rápidos e menos consistentes do ponto de vista histórico social. Um amigo, dono de um sebo de livros, enviou-lhe uma mensagem avisando que da próxima vez que se vissem lhe daria uma lembrança. Demorou uns dias para que recebesse a lembrança. Receber uma lembrança equivaleria a ganhar um presente da subjetividade do outro. O outro reconhece em você algo passado. a lembrança em questão era uma revista onde se lia uma entrevista de Martinho da Vila. Duas falas o sugestionaram: que fora Nara Leão quem abrira as portas para uma geração de sambistas nos anos 60 porque perdera o interesse pela bossa nova e que Paulinho da Viola bebia mais que ele. Dus coisas inimagináveis. A lembrança abre passagens pela historia.

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