domingo, 6 de fevereiro de 2022

Astolfo Marques

O nome Astolfo marques se perdeu nas brumas do tempo. Escutou seu nome pela boca de uma historiadora que enfatizava o embate dele com o escritor Antonio Lobo no inicio do século XX. Astolfo Marques escreveu crônicas sobre o Maranhão pós abolição que o pesquisador Matheus Gato relançou recentemente na forma de livro impresso. É bem capaz que o tempo limpe as brumas e Astolfo Marques reapareça com os mesmos trajes que usava ao frequentar a Academia Maranhense de Letras. Entrar no mérito dos embates entre Astolfo Marques e Antonio Lobo não vem ao caso. Nem é possível tomar o partido de Astolfo Marques. A historiadora de tanto falar mal de Antonio Lobo o influenciou sobremaneira. Melhor comentar o nome cuja pronuncia o torna incomum. Numa cidade que faz um esforço incomensurável para apagar suas memorias escritas e orais, o nome Astolfo marques conseguiu a façanha de não ser apagado como comprovam as conversas com a historiadora e a publicação recente de suas crônicas. E como comprova a descoberta de que o nome Astolfo Marques foi inscrito na placa de identificação de uma rua no bairro Apeadouro. A recente descoberta ocorreu devido as conversas e ao livro publicado porque graças a essas circunstancias pôde ler o nome e aperceber-se de quem se tratava. Esses fatos se desenrolaram em um pouco menos de dois anos o que é um feito notável visto que Astolfo Marques era um escritor e intelectual maranhense e negro. Sempre são notáveis aqueles movimentos e aquelas expressões artísticas e culturais que superam ou procuram superar estruturas cujas funções socioeconômicas decorrem justamente da negação desses movimentos e dessas expressões. O Maranhão mudou quase nada com a abolição da escravatura e a proclamação da republica, eventos separados por um ano e meio de tempo cronológico. Separados no tempo e separados na forma como se deram. Princesa Isabel assinou a lei Aurea. Deodoro da Fonseca empunhou uma espada. As narrativas de Astolffo Marques, ao seu modo, unem esses dois momentos. Na escrita, a união é possível. A rotina diária da republica desfaz qualquer pretensão de unidade.

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