segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Comunidade quilombola sem roça e agronegócio de vento em popa no município de Colinas

Por mais que se pense o contrario, a Historia não é um monólito e nem é uma sequencia de fatos em linha reta. A historia da comunidade quilombola de Peixe, município de Colinas, não é uma linha reta. Se o fosse, a historia da comunidade estaria se direcionando para o abismo resultado das inúmeras arbitrariedades e omissões que ela recebeu da parte dos poderes político-econômicos da cidade de Colinas e do estado do Maranhão. No município de Colinas, Peixe talvez seja a comunidade quilombola mais impactada pelas ações do agronegócio que comeu quase todo seu território tradicional no afã de plantar soja, milho, eucalipto e capim para alimentar gado. Parte dessa destruição se deve a inercia do Incra que não cumpriu a tempo com suas obrigações constitucionais e regularizou o território de Peixe impedindo assim que os grileiros o desmatassem. A culpa principal da destruição do territorio de Peixe cabe a Jaldo Henrique, secretario da prefeitura municipal de Colinas, cuja familia se apossou irregularmente do território nos anos setenta e oitenta e vem vendendo pedaços a empresários locais que ordenam o desmatamento do cerrado e de babaçuais para no lugar plantarem soja e outras monoculturas. A intenção principal, entretanto, é dificultar o processo de regularização fundiária iniciado no Incra em 2006. A historia de Peixe se inicia com o senhor Teutonio que chegou a região em 1903. Ele chegou para ficar uns dias e ficou para sempre. Constituiu família que deu base para a comunidade de Peixe da atualidade. Um dos principais problemas enfrentados pelas comunidades quilombolas em qualquer parte do Maranhão é a distancia o que obriga os quilombolas a sujeitarem-se a quem possui meios de transporte. O pai de Jaldo Henrique transportava os quilombolas para Colinas em qualquer necessidade e sob qualquer quadro de emergência. O pagamento ele requeria não em dinheiro e sim nas terras dos quilombolas, pois chegava e cercava o terreno. Em função das relações politicas que possuía no município, o velho Jaldo forjou documento no cartório que comprovaria que era o proprietário de Peixe. Por ser o proprietário da terra, passou a comprar renda dos quilombolas sobre a produção que eles obtinham em seu território tradicional. Proibia-se que os quilombolas quebrassem o coco babaçu e tirassem o azeite a fim de vender. O coco babaçu era todo para ele e sua família. Essa situação mudou um pouco pelo menos n teoria em 2006 com o reconhecimento por parte dos moradores da sua condição de comunidade remanescente de quilombo. A parte teórica é bonita mas a parte pratica é terrível. Mesmo com o auto reconhecimento e com o Incra agindo de vez em quando o Jaldo Henrique vendeu quase todo o território o que deixou a comunidade sem nenhuma área para cultivarem sua roça. O direito dos quilombolas aos seus territórios tradicionais não entrou na cabeça dos fazendeiros do município de Colinas.

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