domingo, 10 de novembro de 2019

Os pequis no chão da Chapada

Quantas páginas foram precisas para iniciar a viagem? Com certeza, só uma página responde a contento essa pergunta. Entretanto, outras perguntas precisam ser respondidas antes de iniciar a pagina e a viagem. O dia amanhecera do mesmo jeito para todos? Em alguns lugares chovera, umas gotas que seja, um chuvisco mais demorado, nada a comemorar no caso de uma chuva mais intensa. A chuva se precipitou volumosa em trechos mais longínquos do centro da cidade que ainda dormia em seus sonhos e sonhava em seu sono. Nesses locais de precipitação demasiada, as pessoas acordam bastante cedo porque suas rotinas as obrigam a se deslocarem para trabalharem em regiões opostas a onde residem. A chuva caia grossa nesses recantos não tanto cobertos de vegetação, sobretudo descobertos pela precariedade de infraestrutura e pela precariedade de serviços públicos de qualidade. Para onde essas pessoas se dirigiriam, a chuva se revelou apenas na molhadura das ruas e de alguns espaços das casas. Caso alguém perguntasse ao do centro como começara o dia, o perguntado responderia “preguiçoso”. Caso alguém perguntasse ao da periferia como começara o dia, o perguntado responderia “complicado”. A chuva atrapalhara o deslocamento das pessoas por alguns quilômetros, na saída de casa, no aguardar do ônibus, nas ruas esburacadas e encharcadas e nos engarrafamentos. Não é essa viagem a que nos referimos. Ela ainda não iniciou como se previa. O motorista não dera partida no carro. A água do café fervia na chaleira. A padaria só abriria sete horas. Um ou outro dormia no sonho e no sonho dormia. Quem dormia sonhava com a chuva ou simplesmente sonhava o esquecimento da chuva? Chovia para onde iriam? A chuva venceria a secura e as queimadas? No dia seguinte, em São Raimundo das Mangabeiras, Francisco, presidente do STTR, anunciaria que a chuva estava por vir. Os incrédulos perguntaram como. Os pequis no chão da Chapada indicavam. 
mayron regis 

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