Eles aprenderam a pescar com seus
pais. Pescam no Rio Preguiças para se alimentar porque lá ainda tem água. Esses
meninos talvez nem sabem que existem um projeto para criação da Bacia
Hidrográfica do Rio Preguiças, mas tem a consciência ecológica de que o rio lhe
fornece alimentos e fartura de água para banhar, lavar e pescar. Na Comunidade
São Raimundo todos pescam seja de dia ou a noite, eles também praticam
agricultura e extrativismo. A Francisca me contara sobre suas pescarias com o
bando de mulheres do São Raimundo sobre os brejais do Preguiças, os peixes
naturais do lugar acham garranchos e juncos para se esconder. Os garotos descem
para o rio... rumo aos pesqueiros com seus anzóis em busca das piabas, carás e
jacundás. Nesse tempo se pesca bastante porque também é tempo de arroz novo
A pesca artesanal nas comunidades
tradicionais não é predatória, serve como segurança alimentar dos ribeirinhos,
eles vivem em estreita relação com a natureza e o ambiente do território, tem
um profundo conhecimento tradicional sobre a reprodução dos seus ciclos. Os
moradores de São Raimundo trabalham a terra e protegem a chapada, o rio depende
do cerrado, as nascentes do Preguiças está cercada de eucalipto. Em 2015 a
Associação de moradores em parceria com a escola local desenvolveram um projeto
intitulado “Água, seu futuro em nossas mãos” que visava a apresentação de um
trabalho com os alunos e toda comunidade no que diz respeito a conscientização
ecológica e sobretudo entender sobre a grande importância das águas da região
para a sobrevivência das pessoas e toda biodiversidade. O Professor Domingos e
a Francisca – lideranças de São Raimundo e outros companheiros percorreram uma
distancia longa até uma das nascentes do Preguiças, local conhecido como “Barra
da Campineira – município de Anapurus”. O sol escaldante sobre o couro dos
pesquisadores populares deixava claro sobre as dificuldades enfrentadas na luta
pela preservação e também o entendimento de que o agronegócio nada tem haver
com os modos de vida das comunidades defensoras das florestas, chapadas e rios.
O Suzano teria desmatado uma área próxima a nascente na Barra, a água dali
desapareceria e a população sofria com os impactos socioambientais.
Como pescar sem água? Como banhar
e cozinhar sem água? Como fazer agricultura sem água? Ironicamente perguntaríamos
a nós mesmo! Como já dizia um amigo jornalista “O José Antonio Basto almoçaria
uma galinha caipira daquele jeito que só a Francisca sabe fazer”. Muitos
eventos já acontecera em São Raimundo, desde encontros, seminários e reuniões
de entidades do Brasil e do exterior. O Fórum Carajás entidade apoiadora dos
projetos de frango caipira e manejos sustentáveis do bacuri sempre é lembrada
nessas reuniões, eles não se cançam, visitam todo Baixo Parnaíba maranhense. Os
Pequenos pescadores voltaram do rio com seus anzóis e uma “enfieira” de peixes
que servia para o almoço e jantar.
José Antonio Basto
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