domingo, 23 de dezembro de 2012

Virada insustentável



A Amazônia, território que inclui o Maranhão, sofre terrivelmente com a depredação e ao que se sabe 18 por cento de suas terras desmatadas foram abandonadas até o ano de 2006. Os ataques ao meio ambiente vêem da produção de alimentos, da produção de energia e da mais completa ausência de segurança ambiental. Acresceu-se a tudo isso a produção de etanol e biodiesel, carvão vegetal e também a mineração.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente organizou recentemente o que se convencionou chamar “Virada Sustentável”, espécie de caminhada ecológica que, repetindo os mesmos erros de outras, fez toda e necessária apologia ao meio ambiente, mas não trouxe soluções ao grave drama ecológico do Estado. Resumiu-se, a manifestação, a atividades ambientais, culturais, esportivas, oficinas de produtos artesanais, palestras e rodas de conversas, exposições e apresentações artísticas sem, no entanto, tocar na ferida dos crimes contra a natureza que se repetem no Maranhão.
As denúncias que explodiram na audiência pública sobre Direitos Humanos do Meio Ambiente, que reuniu diversas entidades como o Fórum do Baixo Parnaíba, Associação do Riacho Estrela, de Mata Roma, Sindicato dos Servidores Públicos de Coelho Neto e São Benedito do Rio Preto, sindicatos rurais diversos e entidades da Igreja Católica, são de arrepiar os cabelos do ecossistema maranhense.
A “Virada Sustentável” que aconteceu em São Luís não registrou soluções da Secretaria de Estado do Meio Ambiente para a poluição e assoreamento em estado elevado de riachos e rios, o desmatamento criminoso praticado de forma recorrente, as constantes queimadas de grandes áreas de florestas destruindo árvores frutíferas e nativas para implantação de grandes projetos industriais.
Enquanto isso, os trabalhadores rurais sofrem todo tipo de pressão de grileiros para vender por preço irrisório terras que serão transformadas em áreas de soja, cana de açúcar, bambu e eucalipto, monoculturas infernais que estão fazendo sumir do mapa do Maranhão comunidades rurais inteiras, sem que as autoridades atentem para a gravidade do expurgo que acontece no campo.
Cria-se, assim, no interior do Maranhão, uma paisagem devastada do ser humano enquanto sobe até os céus a fumaça negra de carvoarias incendiárias que impunemente consomem a fauna e a flora.
Em meio ao expurgo do homem do campo, o desmatamento criminoso, a grilagem subsidiada por cartórios, rios e riachos poluídos, a eliminação permitida da fauna e da flora não podemos estar falando ainda em “Virada Sustentável”. O que precisamos dizer é que está se tornando insustentável esse tipo de progresso que fulmina a natureza e que os organismos oficiais de combate a essa destruição não estão atendendo a suas funções. Até entendemos as limitações da Secretaria de Meio Ambiente e do Ibama, mas os ataques ao Meio Ambiente no Maranhão não serão contidos com oficinas de artesanato e shows artísticos. Podem apostar que não.
cunha santos

Um comentário:

  1. Gostei muito do blog, Mauron Regis. Parabéns!
    Veja o que proponho, como ação ecológica local, no www.panakuí.wordpress.com

    Abraço ecológico,


    Moisés Matias

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