domingo, 30 de dezembro de 2012

Café-sem-troco, Urbano Santos. Anajás, Barreirinhas.




Percorrer um caminho sem proferir nenhuma palavra não faz sentido. O caminho reivindica que alguém o exalte. Que alguém traga à baila a conversa que forjou o caminho. O Café-sem-troco – parada obrigatória entre Barreirinhas e Urbano Santos. Dessa história nada restou. A principio, os eucaliptos suplantaram os idosos e as crianças. Estes espalhavam as conversas sobre a Chapada. Depois, os eucaliptos suplantaram os jovens e os adultos. Talvez não tivessem o que dizer sobre aquela Chapada. Um dos poucos que se atinha as conversas sobre aquela Chapada nem morava no Café-sem-troco. O Divan Garcês reside no Anajás. Ele costuma dizer que os moradores do Café-sem-troco são seus parentes. Os parentes do Divan venderam suas posses para atravessadores que, em seguida, venderam para a Margusa, empresa de ferro-gusa, que desmatou várias partes da Chapada com o propósito de plantar eucaliptos. O Nonato, ex-interventor do STTR de Urbano Santos, exerceu influencia para que o Iterma regularizasse essa Chapada para a comunidade. Não deu em nada, em razão do desinteresse dos moradores. No ano de 2007, em um seminário organizado pela Associação de Preservação do Riacho Estrela de Mata Roma e pelo Fórum Carajás, com apoio do Casa (Centro de Apoio Socioambiental), o Divan Garces denunciou os desmatamentos que extinguiam parte da Chapada. Desde dessa época, o Divan Garces pleiteava ao Fórum Carajás alguma ação que paralisasse os desmatamentos. O município de Barreirinhas, onde fica o povoado de Anajás, como a maioria dos municípios maranhenses, é um ilustre desconhecido para a maior parcela da população do estado. Do município, informa-se apenas que existe o parque nacional dos Lençois Maranhenses e é uma informação mínima se restringindo as lagoas e acabou-se. Imolam-se, diariamente, as populações do interior de Barreirinhas em razão dos interesses econômicos que se movem por dentro e ao redor do município. As populações se adaptaram amargamente a criação do parque que tolhe suas vidas. No caso da expansão dos plantios de eucalipto e de soja nas fronteiras com Urbano Santos e Santa Quiteria é o contrário, pois as populações se negam a ver no desmatamento de suas Chapadas algo positivo. Dentro desse quadro, as comunidades localizadas ao longo da bacia do rio Jacu, tributário do rio Preguiças, no ano de 2010, mobilizaram um grande encontro para barrar os plantios de eucalipto sobre suas áreas de extrativismo. Uma das consequências desse encontro foi a elaboração de um projeto para dotar as comunidades do Anajás, Bartolomeu e Onça de uma mínima infra-estrutura produtiva. Esse projeto foi aprovado pelo Casa em 2012.
Mayron Régis

Nenhum comentário:

Postar um comentário