quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

E se a Chuva tivesse avisado


A chuva parecia findar ao final da tarde. Não era pouco a Chuva. Imaginem quilômetros de estrada completamente encobertos por inúmeros pingos de água caindo sem cessar por horas e horas. Um barulho incontestável (o limpador de para brisa de la pra ca). De vez em quando, o carro freia por conta de outros carros que desaceleram. A chuva requer atenção. Acaso ela tivesse avisado que cairia será que as pessoas sairiam de casa para iniciarem uma viagem de várias horas. A resposta não nasceu pronta e nem veio a morrer logo.
Dormirão em Buriti, com certeza, mais segura num tempo de chuva como esse ou seguirão noite adentro por caminhos indivisíveis e quase invisíveis pelas Chapadas buritienses até o povoado Carrancas. A cidade de Buriti abraçou a noite com doçura após quatro horas de chuvas ininterruptas. Uma cidade decente, sem maiores apelos e atropelos de irreverencia. Quase certo não se hospedarem nela. O Vicente de Paula e Dona Rita os esperavam com redes estendidas e com um jantar pronto. Sem decepção, por favor. A noite os enfiara em meio a plantios de milheto recém bombardeados com dissecante o usual preparativo para os plantios de soja. Queriam se estirar nas redes o quanto antes e para isso não mediram esforços para sua chegada ser menos repentina a casa sobre a Chapada. A casa de Vicente, a casa de sua filha e a casa de seu irmão roubavam a cena do quadro oficializado pela monocultura da soja no município de Buriti. Em algum momento, eles reclamam de algo que falta (o liquidificador que não funciona), mas no final dá tudo certo. O suco de bacuri fica pronto. O Vicente revela os pontos de coleta do fruto que sobraram sobre aquelas Chapadas tão castigadas nesses últimos tempos. Algumas horas na casa de Vicente e sua família e a pessoa sai restabelecida, pronta para mais uma Chuva pela estrada afora.
Mayron Régis 


quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O ato de ler e interpretar ou o Cerrado se consagra


O ato de ler não se encerra em si ou em um só objeto. Ele se prolonga indefinidamente e ele se transfigura em tantos objetos que se possa tornar. Tabuleirao, povoado de São Domingos do Azeitão, é uma comunidade quilombola. Nem sempre é fácil achar a estrada que leva a comunidade. Não há placas na entrada sinalizando que ali desce para Tabuleirão. O que dizem: a primeira abertura nos plantios de soja. A estrada acompanha os plantios de soja. Deve-se perguntar se a estrada só existe por alguma conveniência da fazenda de soja e não para servir os quilombolas e quem deseja visita-los. A soja ocupou os tabuleirões que deram o nome a comunidade em algum momento. Os plantios cessam algumas centenas de metros antes da descida. A vista do Vale, onde os quilombolas residem e resistem, recompensa as visões anteriores dos plantios. O verde atarracado e rasteiro da soja e o solo ressequido e revirado sem nenhuma vegetação ficam pra trás.  A frente, o Cerrado se consagra em várias espécies nativas e exóticas plantadas pelos quilombolas que ditam e reeditam o terreno de parte do Tabuleirão e grande parte do Vale.
mayron regis

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

as marcas


A relação que o ser humano mantem com a leitura de qualquer objeto não e a mesma que ele mantem com a leitura de um livro ainda mais se esse livro carregar marcas de um passado que não se apagam tão facilmente seja na memória individual ou seja na memória coletiva.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

O Viajante lendo a chapada de forma diferente



O Viajante depois de muitos dias de viagem pelo leste, parava numa humilde choça das paredes de taipa e coberta de palha de babaçú. Se hospedaria ali naquela tijupá para repousar a noite e mais tarde seguir adiante, pois seu dia tinha sido bastante cansativo, percorrera toda aquela densa região de conflitos, acumulando o aprendizado. Era um herói? Talvez, com modéstia – esperava algumas mudanças e reformas que favorecessem os menos favorecidos e desprovidos de direitos. Este é o ofício que escolhera na esperança de novos tempos para colher bons frutos no futuro. Ao se abancar, perguntaria aos anfitriões do lar sobre a questão da terra – a conversa começaria antes do jantar que foi oferecido, pois jamais se dispensaria uma tradicional Iguaria de “galinha caipira com arroz de pequi” a pesar de tudo estava na chapada. A janta saiu com perfeição à luz de lamparina. Satisfeito! Em seguida surgia uma provocação que envolveria a situação fundiária do lugar. Poucos discutem sobre esse assunto que decerto é polêmico desde tempos bem remotos na história das civilizações; respeitava-se o momento – deixando-os à vontade. Mas as respostas supriam as indagações e a “prosa” prosseguira até o fim. O Viajante tirava de seu alforje alguns livros, textos, revistas e jornais velhos – veículos estes que alimentariam o gosto pela leitura e daria uma injeção de ânimo na luta pela posse da terra. Presenteava-os com carinho; recusaram de início, pois não sabiam ler nem escrever – descobrira então, óbvio! Mas respeitosamente aceitaram os presentes e os guardaram num baú seguro, pois dali tiveram a curiosidade de aprender a ler em uma demorada relação com as palavras e com a gramática. Só assim demonstrariam força intelectual e social para destrinchar os processos burocráticos no que diz respeito a defesa do território. Não conheciam o mundo das letras – e nunca leram nada – muito menos pisaram na escola; mas sabiam de cada pé de árvore da chapada – mostravam seus saberes e técnicas no extrativismo repassados de pais para filhos – curavam-se com remédios tirado das plantas medicinais – seus pais lhe ensinaram; não se perderiam nas veredas nem de dia, nem de noite, a energia era a luz da lua e das estrelas. Caçavam, pescavam, lavravam o chão e criavam pequenos animais para a alimentação e reprodução da família, o que detinham de mais valioso. Soletravam “lendo para entender a chapada de forma diferente”, coisas que a escola não ensina, adquiriram o diploma com o tempo. A existência e a convivência ensinaram essa nobre literatura onde uma minoria dar valor. Conversavam ao seu modo com a natureza numa comunhão e comunicação com o espaço em que vivem. Sabiam a hora pelo sol e o tempo de plantar e jogar a semente no período certo através do clima. Viviam Isolados do mundo civilizado e conectados com o meio ambiente. A cartilha era a própria terra, as folhas, os ventos, a enxada, o jacá e as chuvas de inverno. Formaram-se em todas as ciências, receberam prêmios valiosos e repassaram isso para as futuras gerações. Tiveram como mestres o tempo e a paciência que lhes ensinaram a mais bela das lições de vida.

José Antonio Basto

O Cerrado Infértil e proibitivo

As chuvas custaram a vir ao Cerrado sul maranhense no inverno de 2019 2020. Elas vieram por temporadas. O mês de novembro de 2019 atendeu as expectativas principalmente dos plantadores de soja. E sempre assim. Aos primeiros sinais de chuvas nesse mês, os campos de soja recebem as sementes. A janela de plantio se encerra no mês de dezembro e a soja leva três meses para maturar portanto de final de janeiro até março, dependendo da época do plantio, colhe se a soja. A percepção das pessoas vai no sentido de que o inverno assim que começa não para. E ininterrupto. Os últimos invernos contradizem essa noção pois a chuva para completamente em dezembro e só retoma em janeiro. O que determina se o inverno será regular não é a vontade humana e sim as alterações na paisagem causadas pelo desmatamento e as mudanças climáticas. Cada vez mais se realizam pesquisas para que a soja mantenha produtividade mesmo em épocas de estiagem, mas a agricultura familiar no sul do Maranhão se vira sozinha como pode e de acordo com Deus. Sem auxílio de órgão governamental algum. A escassez de chuvas bagunça por completo o calendário produtivo dos agricultores familiares. Se os agricultores não plantam no devido tempo de que eles se alimentarao? A queda na produtividade da agricultura familiar se deve as chuvas que escassearam, a omissão do Estado e principalmente a ocupação do Cerrado pelas monoculturas. Pode se dizer que o Cerrado sul maranhense vem se tornando infértil ou proibitivo para a agricultura familiar e para as comunidades tradicionais.
Mayron Régis

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

A luta pela biodiversidade no Maranhão.



O dia de trabalho começa muito cedo para o ativista Mayron do Fórum Carajás, bem como para o seu motorista e companheiro de luta, Jeová. Na maioria dos casos as distâncias que precisam ser percorridas estão entre 250 km e 700 km. De qualquer forma, a viagem é interessante. Galinhas, burros, cavalos, vacas, cabras, cães; caminhões de 25 m de comprimento que transportam soja, ferro, carvão ou eucalipto; pedestres, vendedores ambulantes e ciclistas - tudo você vê na estrada federal. A cerca de 100 km/h, todas essas impressões passam rapidamente, com pequenos desvios por causa dos buracos na estrada.
A paisagem muda da costa - caracterizada por florestas de mangue, marés fortes e dunas. Estamos agora no Cerrado, uma zona de transição entre a Amazônia e o Sertão. Então, de repente, a paisagem é moldada por plantações de eucalipto e monoculturas de soja. Saímos da estrada principal e continuamos em uma estrada de terra arenosa.
O Maranhão não é apenas rico em paisagem, mas também em cultura. É o estado com mais comunidades quilombolas do Brasil. Os quilombolas eram refúgios para os escravos africanos e seus descendentes. Eles simbolizam a reorganização da sociedade e a resistência contra a escravidão. A cultura quilombola no Maranhão acontece em festivais e tradições como o Bumba-Meu-Boi e o Tambor de Crioula. O modo de vida é marcado por quebradeiras de coco-babaçu, agricultura de subsistência (produção de farinha de mandioca) e colheita de juçara (açaí), entre muitas outras atividades. O reconhecimento da comunidade como quilombola pode garantir os direitos de terra.
Pequenos agricultores tradicionais e agricultores familiares também estão lutando pelos seus direitos de terra. Ao chegarmos a uma propriedade de 150 hectares, uma mancha verde no meio dos campos de soja, até onde os olhos podem ver, encontramos o Sr. Vicente e a Dona Rita em sua casa perto de Buriti. Eles nos contam de suas vidas, de suas lutas e compartilham seu grande conhecimento conosco. "Aqui moram três famílias, quer dizer 10 pessoas (incluindo crianças e idosos). Nós cuidamos de nós mesmos e vivemos do que produzimos. Cultivamos arroz, feijão, milho, mandioca e melão. Às vezes, também, vendemos cabras, galinhas, madeira e carvão”, diz Dona Rita. A vida está ficando cada vez mais difícil, além do medo constante de serem expulsos, eles sentem as consequências fatais das plantações de soja. "Hoje moramos ao lado de um deserto", segundo o Sr. Vicente, que conhece todas as espécies de árvores e plantas no seu terreno. Para a extensa produção de soja, são necessários muitos agrotóxicos. Se os agrotóxicos são utilizados (tanto por tratores, como por pequenas aeronaves), os moradores não saem de casa devido ao mau cheiro e ao efeito de queimação na pele. No entanto, a infestação de pragas na roça ecológica está aumentando. Com o desmatamento de florestas e o estabelecimento de monoculturas, vários problemas começam a atingir a comunidade: perda de biodiversidade, mudança no microclima, perda de qualidade de vida, secagem de fontes ou afundamento das águas subterrâneas e envenenamento por agrotóxicos dessas, além da ocorrência de doenças.
Apesar das ameaças à saúde e da intimidação direta, as famílias não saem de casa. Elas vivem com a natureza. Elas conhecem todos os tipos de árvores e sabem como gerenciar adequadamente sua área para que a natureza possa se regenerar novamente. Muitas vezes, existem mais de 10 espécies diferentes de árvores em uma área de somente 10 m². A biodiversidade ainda é grande. A natureza também está resistindo.
Em outra viagem de trabalho perto de Urbano Santos, no município de São Raimundo, o Fórum Carajás iniciou o cultivo sustentável da árvore Bacuri. Francisca, que participou de um treinamento do Fórum Carajás, diz: “Temos uma grande riqueza aqui: a grande diversidade que nos dá a natureza.” Nesse contexto, ela enumera as árvores mais comuns da região, como Bacuri, Pequi, Murici e Buriti. “Vivemos dessa diversidade e temos que protegê-la. A união da nossa comunidade de São Raimundo é a mais importante no combate ao eucalipto."
O marido dela, José, acrescenta: “Não sei ler, mal escrever o meu nome, mas eu conheço bem a natureza. Usamos as plantas de maneira sustentável. Nossas casas, construímos só com madeira da nossa propriedade. Somos independentes e não precisamos comprar nada. Vivemos da floresta do Cerrado, do nosso mato. Mesmo que a resistência seja difícil – ainda estamos bem.”
O modo de vida simples, longe de qualquer estrutura da cidade, é difícil. No entanto, os moradores estão saudáveis, sempre têm comida suficiente e são felizes. Eles não podem imaginar outra vida para si mesmos.
Longe de qualquer estrutura de cidade grande, o isolamento das comunidades tradicionais favorece o esquecimento ou a não divulgação dos conflitos. As diferenças marcantes entre a vida rural e a urbana no Brasil representam um desafio social caracterizado por preconceito e ignorância. O agronegócio é frequentemente retratado como a estratégia de desenvolvimento, onde a agricultura familiar e a proteção ambiental não têm lugar. A penetração capitalista das áreas rurais no Brasil está entrelaçada com o estado, elites, lobistas, mídias e empresas. O suposto progresso que o agronegócio traz é justaposto à proteção ambiental. Esses confrontos são realizados às custas da população rural pobre. A invasão das plantações de soja e eucalipto causa desertificação, perda da biodiversidade e da diversidade cultural. Isso anda de mãos dadas com a perda cultural e a perda de conhecimento.
A agricultura familiar alimenta a população brasileira, enquanto a agricultura monocultural produz para exportação e, a longo prazo, destrói a fertilidade do solo e a biodiversidade (agrícola). Os pequenos agricultores são fortes guerreiros solitários por seus direitos, eles tentam se conectar, porém existem poucas pessoas que falam por eles. Em contrapartida, o oponente - o agronegócio - é extremamente forte.
Portanto, o trabalho do Fórum Carajás é essencial. A ONG promove o trabalho em rede entre os afetados e o intercâmbio de experiências, possibilitando apoio sindical e judicial. Comunidades e indivíduos apoiados estão localizados em diferentes regiões geográficas do Estado do Maranhão, mas enfrentam dificuldades semelhantes, principalmente no que diz respeito à propriedade da terra e a conservação da biodiversidade.
O ativista Mayron usa o jornalismo, em particular, como uma arma pacífica para atrair a atenção da mídia e contar histórias de pessoas, nunca antes ouvidas, de uma maneira muito sensível. O Fórum Carajás cria uma visão de esperança para os afetados. Além disso, a ONG contribui para que os problemas sejam percebidos com mais clareza, cria consciência das causas da pobreza e dos problemas ambientais, bem como dos efeitos sociais e ecológicos da agricultura globalizada e capitalista. Nesse sentido, o ativismo junto aos pequenos agricultores provou promover a democracia.
A riqueza do Maranhão é sua grande diversidade. A diversidade de métodos de produção, modos de vida, grupos populacionais e a diversidade da paisagem. O objetivo deve continuar sendo preservar a agrobiodiversidade e a soberania alimentar. É importante fortalecer a autonomia e os direitos das comunidades tradicionais. Porque a contribuição deles é fundamental. As comunidades tradicionais têm cada vez menos espaço para continuar vivendo em harmonia com a natureza. Poderíamos aprender muito com eles e trabalhar juntos para construir um futuro melhor. Seu modo de vida deve ser o novo (velho) moderno, onde o foco está na proteção do meio ambiente. Afinal, proteção ambiental significa não apenas a proteção da natureza, mas também às comunidades tradicionais; à sua cultura e ao seu conhecimento.
O agronegócio deve estar comprometido em agir com responsabilidade. O atual sistema agrícola global está forçando os agricultores a produzir o máximo e o mais barato possível. O uso responsável de agrotóxicos não está sendo recompensado. Padrões e controles mais rigorosos no nível global, bem como incentivos à produção ecológica e ambientalmente amigável, economizariam custos a longo prazo. Os custos externalizados para a saúde e o meio ambiente não estão incluídos no atual modelo agrícola. Nós, a população das nações industrializadas, contribuímos para isso pelo nosso desejo de alimentos baratos - especialmente carne. O objetivo é difundir conhecimento e sensibilizar os consumidores a respeito do seu comportamento. O meio ambiente, a saúde e os direitos humanos são igualmente sensíveis e merecem proteção em todos os lugares.
Simone Gottardt

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

outros tempos


A dona Rita zanzava pela cozinha da casa. A maior parte das pessoas continuava dormindo nos quartos, em redes ou em camas. O dia amanhecera encoberto devido as chuvas da noite anterior, especialmente a chuva que varrera a Chapada pela madrugada. As pessoas acordavam e o sol não conseguia romper as barreiras criadas pelo tempo. O sono foi bom, respondiam a quem perguntava. Dona Rita juntara as cascas de bacuri que jaziam sobre o solo da Chapada e levara-as para longe do terreiro. A cozinha ficava num puxadinho atrás da casa. Neste puxadinho, é claro, cozinhava-se, num fogão rústico a base de carvão produzido pela família, mas também se sentava em volta da mesa para o café da manhã, para o almoço e para o jantar. Nesse espaço cozinhava-se vários tipos de conversa. A Simone, cidadã alemã, sentou-se em uma das cadeiras e perguntou a dona Rita se, por um acaso, ela trazia consigo a genética indígena. A dona da casa se encabulou com a pergunta e não respondeu. Vicente de Paula, marido de Dona Rita, respondeu que todos de uma forma ou de outra carregavam sangue indígena. Mayron Régis, jornalista e amigo da família, lembrou de uma fala de Dona Rita há alguns anos atrás depois de uma visita a comunidade de Matinha. Ele a conhecia desde 2011 e ela dificilmente se pronunciava nos assuntos relativos a briga que a sua família travava contra os Introvini. O Vicente era o cabeça da família e, portanto, tudo que dizia e fazia era ponto final. Então, numa conversa dentro do carro, ela interveio como não fizera antes. Questionava os Introvini o porquê destes quererem tirar ela e seus familiares da terra onde moravam. Naquele instante, Mayron sacara que a forma de expressar de dona Rita provinha de outros tempos e de uma outra cultura (não a portuguesa, não a africana e sim a indígena) e por mais que ela não tivesse consciência disso esses elementos se faziam presentes.

domingo, 5 de janeiro de 2020

Capãozinho e Riachinho


Exercitando a imaginação e a criatividade se descobre porque duas comunidades de Urbano Santos, a beira do rio Boa Hora, receberam os nomes Capãozinho e Riachinho. O exercício da descoberta não chega a ser difícil e nem demorado. Se fosse possível ir a essas comunidades e conversar com os seus moradores, provavelmente, compreender-se-ia de cara e no mesmo instante a razão dos nomes conferidos as comunidades. Como não é possível ir as comunidades por conta da distancia, da falta de transporte e da infra estrutura precária, cabe o exercício da imaginação. Os nomes Capaozinho e Riachinho exerceram um fascínio de imediato porque as comunidades integram uma parte do Cerrado de Urbano Santos que não foi incorporada pelo agronegócio. Ao que consta, as duas áreas somam mais de trezentos hectares. Não são áreas iguais e nem contiguas. Pelo lado do Capaozinho, há forte presença de bacurizeiros, e pelo lado do Riachinjo, há forte presença de pequizeiros. O rio Boa Hora separa as duas comunidades. Pelas informações prestadas, compreende-se que o nome Capãozinho foi dado em função da presença de capãos de mato e que o nome Riachinho foi dado em função da presença do rio Boa Hora.