quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O ato de ler e interpretar ou o Cerrado se consagra


O ato de ler não se encerra em si ou em um só objeto. Ele se prolonga indefinidamente e ele se transfigura em tantos objetos que se possa tornar. Tabuleirao, povoado de São Domingos do Azeitão, é uma comunidade quilombola. Nem sempre é fácil achar a estrada que leva a comunidade. Não há placas na entrada sinalizando que ali desce para Tabuleirão. O que dizem: a primeira abertura nos plantios de soja. A estrada acompanha os plantios de soja. Deve-se perguntar se a estrada só existe por alguma conveniência da fazenda de soja e não para servir os quilombolas e quem deseja visita-los. A soja ocupou os tabuleirões que deram o nome a comunidade em algum momento. Os plantios cessam algumas centenas de metros antes da descida. A vista do Vale, onde os quilombolas residem e resistem, recompensa as visões anteriores dos plantios. O verde atarracado e rasteiro da soja e o solo ressequido e revirado sem nenhuma vegetação ficam pra trás.  A frente, o Cerrado se consagra em várias espécies nativas e exóticas plantadas pelos quilombolas que ditam e reeditam o terreno de parte do Tabuleirão e grande parte do Vale.
mayron regis

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