quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Uma pequena Africa

O cara é católico, mas sabe nada sobre os utensílios de uma igreja. Uma peça se sobressaiu no canto da igreja de Santana. Quis matar a curiosidade. “O que é isso?”, perguntou. “Uma pia batismal”, respondeu a senhora que tomava de conta da igreja. A igreja só abria terça, quarta e quinta das nove horas ao meio dia. E o padre responsável rezava a missa só aos domingos. Segundo a senhora, a pia batismal, em determinado momento da história, quase dançou. Iam retira-la do seu lugar o que não ocorreu porque descobriram que peça era aquela. A falta de informações sobre monumentos e peças históricos em São Luis não é nenhuma novidade, agora quando a pessoa se defronta com essa desinformação ao vivo e a cores, a consciência desperta com mais força e vê-se que São Luis não tem para onde correr. Não há publicações que tratem da historia da igreja de Santana. A rua de Santana é uma das ruas do centro historico de São Luis cujas casas ou casarões mais padeceram por alterações em seus projetos arquitetônicos originais tendo em vista as suas utilizações para fins comerciais. Em alguns casos, as alterações foram em todo o prédio e em outros, as partes de cima mantem algo que lembra os traços originais. No momento da conversa com a responsável pela igreja de Santana, duas senhoras entraram e rezaram em pé. Elas deveriam ter uma relação de afeto ou de obrigação para com a igreja, assim se entendeu pela conversa que tiveram com a responsável. Moraram nas redondezas ou continuavam morando. Quem mais transita pelas ruas do centro de São Luis não são os seus moradores nativos e sim os moradores de outros bairros que vem de ônibus ou a pé para consumir, passear, mendigar, trabalhar em lojas, vender produtos a ceu aberto (ambulantes) e assaltar. Uma foto do final do século XIX enviada pelo jornalista fotografo Jose Reinaldo Martins flagrou negros em volta de um monumento à praça da Alegria, famosa por ser palco de enforcamentos nas primeiras décadas desse século. O monumento foi retirado da praça que se modificou por demais da conta no século XX. Enfim, eram os negros que saiam as ruas para executar algum trabalho a mando do patrão e que movimentavam boa parte do comercio do centro São luis. Eles compravam para os patrões coisas da casa, mas para si compravam produtos com fins religiosos. O negócio desse tipo de produtos foi e ainda é um negócio de pessoas de origem negra como se pôde depreender numa rápida passagem pela rua Regente Braulio, vizinha do Mercado Central, o que faz pensar em São Luis como uma pequena África.

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