segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Quem ordenou a construção do Outeiro da Cruz?

Quem em toda ilha de São Luis sabe que o escritor Sousandrade foi prefeito da capital do Maranhão? Esse e o tipo de informação que para despertar curiosidade do leitor deve estar ligada a um contexto maior porque pode ser vista como uma mera curiosidade. Ainda mais porque poucas pessoas sabem quem foi Sousandrade. O cidadão não se recorda em quem votou na ultima eleição, vai se recordar quem foi Sousandrade, escritor e primeiro prefeito de São Luis pós proclamação da republica? O motivo maior da pesquisa, em que se descobriu essa curiosidade sobre Sousandrade, era descobrir o nome do prefeito no ano de 1901, o qual foi o senhor Nuno Alvares de Pinho que exerceu o cargo de janeiro de 1901 a janeiro de 1905. Afixou-se o Outeiro da Cruz, monumento histórico construído para homenagear os portugueses que derrotaram os holandeses em 1644, no ano de 1901, só que não há informações de quem partiu as ordens para sua construção. Mais interessante do que descobrir o ordenador, é debater as razões que convenceram parte da elite ludovicense a decidir pela construção de um monumento para homenagear combatentes portugueses, indígenas e negros, defensores da fé católica, que expulsaram os holandeses protestantes quase 260 anos depois do fato histórico. O que explica um governo municipal recuperar um evento histórico que dizia pouco para a republica afinal o combate se deu numa época longínqua e entre dois empreendimentos colonialistas? Os portugueses expulsaram os holandeses não porque se considerassem maranhenses, mas sim porque os dois empreendimentos na epoca disputavam os mesmos espaços econômicos (o oceano Atlântico e o Nordeste brasileiro). Mais cedo ou mais tarde, os holandeses desistiriam do Maranhão visto que o seu maior interesse residia em Pernambuco e nas regiões vizinhas. O que talvez explique a decisão pela construção do monumento em 1901 é a vontade dos administradores públicos de dotarem o espaço publico de referencias historicas que tivessem alguma credibilidade perante a elite devota do catolicismo e que trouxessem algum apelo cívico de união das raças, tópico frequente no discurso da recém proclamada republica brasileira.

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