sábado, 3 de outubro de 2020

Modernidade e tradição no centro de São Luis

É mais comum as pessoas subirem a rua de Santana do que acontecer o contrário, as pessoas a descerem. A essa conclusão ele chegou pelo fato que a rua, em seus metros iniciais, do encontro dela com a avenida Magalhães de almeida até a igreja de Santana, estreita-se, quase como um corredor, o que induz as pessoas a se aterem as calçadas curtas, que de tão curtas impedem duas pessoas caminharem par e passo. A sensação de aperto persiste nesse trecho da rua e na esquina da igreja ela desaparece; a rua se alarga (o sol é visto) e as pessoas andam lado a lado ou param por alguns minutos sem que isso impeça o fluxo. As ruas do centro de São Luis, onde antes as pessoas habitavam, viram o casario histórico ser ocupado para fins comerciais ou administrativos. Por conta dessa mudança da função social do casario, os transeuntes apinham as ruas e caminham rápido atrás de mercadorias. Eles não querem saber quem morou naquele casarão ou em que ano a igreja foi construída. E nem tem para quem perguntar. Que tal perguntar as razões que levaram a igreja de Santana, construída em 1790, a não ser derrubada nos afãs modernizantes que a cidade de São Luis experimentou em quase dois séculos (uma igreja que passa o tempo todo fechada). A sociedade ludovicense, pelo que se sabe, não morre de amores por sua historia e pelas suas figuras históricas. Não é uma sociedade que demonstre carinho pelo seu patrimônio histórico como fica evidente no estado em que grande parte do casario se encontra. É quase certo que a igreja Santana teve sorte em não ser derrubada para facilitar o alargamento da rua de Santana. Pior sorte teve a igreja Nossa senhora da Conceição dos Mulatos que a Rua Grande abrigava no começo do século XX e cuja construção terminou em 1805. Derrubaram-na porque em alguns momentos o bonde que cruzava a rua Grande resvalava em sua estrutura e pessoas se machucavam nesse choque. Pela logica vigente na época, melhor derrubar a igreja totalmente e abrir caminho para o bonde. No espaço que era a igreja, anos mais tarde, construíram o edifício Caiçara um dos símbolos da modernidade em São Luis.

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