domingo, 23 de agosto de 2020

Pelas curvas da estrada da Vitoria

Marcelo o convidou para beber no bar da Baixinha. Final da manhã de domingo, um pouco antes do almoço. Naquele instante, ele não podia aceitar o convite, pois aguardava as compras do supermercado que viriam deixar. Logo que deixassem as compras, desceria a rua para beberem uma cerveja, prometeu. O rapaz da entrega se atrasou e ele só pôde sair uma hora da tarde. Enfim, checaria se o amigo continuava bebendo no bar da Baixinha ou se subira a rua cambaleando com destino a sua casa. O portão do bar se escancarava para os clientes. Um cliente se posicionava como porteiro e cumprimentava os chegantes. O Marcelo sentara numa mesa de canto e conversava com um senhor negro de meia idade. Eles bebiam a cerveja Magnifica e pediram um copo para o recém chegado. Havia pessoas no bar que amanheceram bebendo e permaneciam de pé. Só Deus sabe a que custo, aquelas pessoas não caiam de sono no salão do bar ou em cima de uma mesa. Com alguma dificuldade, entabulava-se uma conversa. Lucas, filho da Baixinha, deixou o som bem alto e não tinha como não ouvir (e cantar) “Como se faz quando o amante quer ser algo mais?”. Ô musica que gruda. Esse tipo de musica o exasperava. Para se distrair, perguntou ao Marcelo: “Quantos anos tem o bar da Baixinha?”. “Acho que quase vinte anos na estrada da Vitoria. Antes, o bar dela ficava na esquina da rua da Veneza com a rua 19 de Março e suas garçonetes se chamavam Loura e a Big Loura”, ele respondeu. O bar era o segundo lar do Marcelo. “Quando minha mãe faleceu, eu vim pra cá. Quando meu pai faleceu, eu vim pra cá. Quer que eu te diga algo sobre a Natália ( um dos clientes amanhecidos)? A mãe dela é uma das grandes comerciantes dessa região”. O depoimento de Marcelo exigia uma musica para fechar a tarde. Insistiu com Lucas para que pusesse Roberto Carlos, um som menos traumático perante o sertanejo que a clientela do bar escutava. O filho da Baixinha atendeu o pedido e tocou “Pelas curvas da estrada de Santos”. Tudo a ver. Ele e Marcelo bebiam num bar ordinário pelas curvas da estrada da Vitoria, subúrbio de São Luis.

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