domingo, 2 de agosto de 2020

a casa de dona irene

A casa de dona Irene ou a casa do senhor Raimundo Sabino, seu pai, no povoado Baixão, município de Buriti, obedece ao padrão de casa de proprietário de terras na zona rural do estado do Maranhão. No quesito padrão, o que salta aos olhos é a profusão de janelas e de portas que se abrem para a estrada. Para facilitar a ventilação, quem sabe, ou facilitar a entrada, a saída e o trafegar de pessoas da e pela casa. Não havia se dado conta de tantas janelas e tantas portas. De uma vez, conversara com dona Irene no corredor da casa. De outra vez, eles conversaram no quintal. A casa. como um todo, parece um ser esquecido porque dona Irene passa mais tempo na cozinha e no quintal. As portas e as janelas trazem um pouco de luz solar para os ambientes internos de casa e o corredor empurra um pouco dessa luz mais para dentro. A conversa com dona Irene se dera próximo a porta principal, onde a luz e o calor indiciam mais. Uma conversa precisa de um espaço adequado para acontecer. A casa de Dona Irene não tem uma sala, então a conversa aconteceu no corredor, que é mais uma passagem de pessoas do que um espaço de conversa. A conversa com dona Irene não se demorou e observando agora não teria razão para demorar. Tinha-se um objetivo com a conversa; o objetivo fora cumprido e as conversas em datas posteriores seguiriam no mesmo rumo de cumprir esse objetivo. Essa conversa objetiva e rápida fez com que a profusão de portas e janelas passasse batida. Outra coisa que passou batida foi a percepção que a casa tinha um estilo jovial e pitoresco. A percepção só se deu graças ao fato de dona Irene não estar em casa numa visita recente. A casa se achava trancada em si mesma sem poder dizer e ver nada. As portas e as janelas eram indevassáveis para quem as via de fora. As cores amarelo e azul da frente da casa revelavam um gosto incomum. As impressões o levaram a buscar referencias nas pinturas de Almeida Junior que privilegiam aspectos ligados a zona rural de São Paulo do final do século XIX. As pessoas e as situações que Almeida Junior pintou sofreram a mão pesada da modernização econômica e social que os paulistas experimentaram no século XX. A pintura O violeiro representa uma forma de viver a cultura e o fazer artístico que se ligava a agricultura tradicional. A agricultura se modernizou em mais de um século o que mudou a percepção e o fazer artístico em São Paulo e no restante do Brasil. O Maranhão vive seu momento de modernização na agricultura com a entrada de plantadores de soja e de empresas de eucalipto nos municípios maranhenses. Os processos de modernização econômico tendem a apagar ou a relativizar a noção de história por parte da sociedade. A tendência no caso do Maranhão é apagar ou desvalorizar os vestígios da historia humana como essas construções arcaicas para enaltecer uma modernidade que traga ganhos financeiros e técnicos. Ver menos

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