terça-feira, 11 de agosto de 2020

Os bustos da praça Deodoro

Escrever é especular. Traçar rotas incertas. Deparar-se com o inesperado. A praça Deodoro, naquela manhã, não seria a mesma de outros dias. Ele parou em frente aos bustos de intelectuais e escritores maranhenses. Um não tinha identificação. O seguinte correspondia ao escritor maranhense do começo do século XX, Nascimento de Moraes que escreveu Vencidos e Degenerados, romance de formação cujo personagem principal é um jovem intelectual e escritor negro que vive a cidade de São Luis pós abolição da escravatura. A data 13 de maio de 1888 tinha mais significado histórico social para os negros do que a proclamação da república. Os negros acreditavam que a republica poderia trazer retrocessos quanto a lei que a princesa Isabel assinara. O romance “Vencidos e Degenerados” compõe a trilogia da escravidão do romance maranhense junto com “O Mulato”, de Aluizio Azevedo, e “Tambores de São Luis”, de Josué Montello. Descobrira "Vencidos e Degenerados" através do jornalista e escritor Geraldo Iensen em uma conversa sobre modernismo em São Luis. Uma dos pontos com o qual se debatia era o caráter passadista da produção literaria na capital maranhense. O ultimo busto visto ganhara o rosto deuma mulher. Nome: Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista brasileira. Ela nasceu em São Luis mas cresceu e tornou-se professora no município de Guimarães, baixada maranhese. Em seus escritos defendia os direitos dos negros e o fim da escravidão. Não era sem tempo que aqueles bustos, finalmente, comunicavam-se com ele numa língua luso brasileira (branca, negra e indígena) bem diferente e distante da que ele escrevia em seus papeis avulsos.

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