sexta-feira, 10 de julho de 2020

uma recordação de moçambique

Uma das recordações de Moçambique sucedeu num pequeno município interiorano ao norte do pais. É uma recordação cheia de lacunas. Por que não uma recordação cheia de falhas? Não seria oportuno escrever falha no lugar de lacuna. Quando se trata de recordar não é uma falha que não se recorde completamente do fato recordado. É bem provável que a recordação venha incompleta. As vezes falta o som, falta a iluminação, falta a decoração, faltam diálogos, faltam movimentos e falta uma lógica. Não recordava o nome do município, não recordava o nome do hotel, não recordava o nome do bar. Recordava, apenas, que o bar ficava do lado do hotel e era a única opção de diversão naquele município. Que qualquer busca por bares e restaurantes pelas ruas adiantaria muito pouco porque se mostraria infrutífera. Contentar-se-iam com o bar posto colado ao hotel que pela fachada congregaria uns poucos municipes moçambicanos. Eles se compenetraram em uma mesa e pediram quatro cervejas pequenas( o gosto e o nome?) ao dono do bar. Em outra mesa, bebiam duas mulheres. Quatro estrangeiros (um holandês, uma portuguesa e dois brasileiros) bebiam cerveja moçambicana sob os olhares atentos e curiosos de três moçambicanos em uma noite de poucos assuntos e poucas palavras. A presença estrangeira em boa parte da África gera desconforto em razão da época do colonialismo. Os quatro estrangeiros falavam português o que liberou as mulheres para perguntarem quem eram e o que faziam ali. Os moçambicanos falam o português como língua de relacionamento oficial do Estado e principalmente nas zonas urbanas, mas na zona rural os moçambicanos se comunicam através de dialetos. Uma das mulheres gostou de saber que havia brasileiros entre eles (morria de amores) e elogiou as novelas brasileiras. A recordação de uma delas, a mais atenciosa, era bastante nítida.

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