terça-feira, 21 de julho de 2020

A esquina dos amigos que não se vêem mais

O amigo só quis dar uma volta. Vivia trancado dentro de casa. Ele vagava como um sonambulo que não despertava de um sonho bem particular. O mundo para além dos muros ficava fora de sua vista. A senhora em frente mandava beijos do alto do castelo para que ele agarrasse. O filho mais novo dela se exilara em residências diminutas porque fora despachado da casa familiar. O filho mais novo se exaltara desde então e os percalços foram tantos e tamanhos que uma parte dele definhava a olhos vistos. O filho mais novo e o amigo a cada troca de olhares afagavam-se e afogavam-se em ternura. O que era deles que não podia ser usurpado? Sei não, o meio da rua? Não. A resposta é a esquina onde se ouve os amigos que não se vêem mais.

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