quinta-feira, 16 de julho de 2020

Austerlitz

Austerlitz foi a batalha que elevou a França napoleônica a grande potencia militar das duas primeiras décadas do século XIX. Nessa batalha, Napoleão, devidamente coroado imperador da França, com um exercito bem inferior em numero, derrotou o exercito do imperador da Russia e o exercito do imperador da Austria. A batalha de Austerlitz, que fica na republica tcheca, ficou conhecida como a batalha dos três imperadores. Para o mundo moderno, essa parte da historia da europa deve despertar pouco interesse e interesse despertado mais em crianças que para passar o tempo devoram livros de heróis e livros de Historia. W.G Sebald, escritor alemão, escreveu um livro cujo titulo é “Austerlitz” e a personagem principal atende por esse sobrenome. Esse é o livro que quem lê vai desejar não ter lido porque não se consegue parar a leitura e ao termina-lo, com certeza, irá atrás dos outros livros do autor. A literatura de língua alemã, há aqui uma diferença entre “literatura de língua alemã” e “literatura alemã”, em seus grandes propósitos e em seus grandes momentos se atira e esparrama-se sobre o que se imagina foi a infância. A personagem Austerlitz esqueceu suas origens em algum ponto obscuro da historia recente da humanidade e aos poucos vai montando e remontando o que não se lembrava e o que ele de proposito bloqueara como defesa psicológica. “Austerlitz” é um livro de formação que em moldes clássicos significaria que o individuo se descola das suas origens coletivas para originar significados puramente individuais de acordo com a ideologia burguesa. Contudo, a personagem Austerlitz, compreende-se isso durante a narrativa, sabe quem foi ( o seu nome, o nome de seus pais, onde viveu parte da infância e etc). O que ele não sabe e vai investigar é o mundo que o pos para fora do seu mundo de criança. Como qualquer processo de formação, esse é um processo traumático que provocará dores sociais e psicológicas no seu eu e nas relações que estabelecerá ao longo de sua vida. Os exemplos máximos de escritores de língua alemã que se enxergam como desmistificadores da infância foram Robert Walser, Kafka e Elias Canetti. Sebald é uma grata surpresa nessa seara.

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