segunda-feira, 13 de julho de 2020

Gorillaz

O cenário do ônibus desolara o passageiro que pedira parada. O motorista abriu a porta da frente e ele pôde ver o corredor, as cadeiras, os passageiros e a cobradora. Os passageiros se mantinham separados por quilômetros de existências sofriveis e indesejáveis. Cada um em seu canto. Ele pagou a passagem e a cobradora deu o troco. As moedas couberam fácil na mão. Ela não lhe perguntou o que pretendia com aquele passeio pelo centro e ele não lhe perguntou a que devia aquela sua mudez infinita. Uma musica beliscava sua audição imprecisa. Ele se impacientava por não poder toca-la em seu intimo. Eles(ele e a musica) estavam longes socialmente porque a musica provinha do celular de um rasta que vestia uma camisa da seleção brasileira. Não podia ser ou podia? O grande ato do rasta para a plateia do ônibus fora pegar uma garrafa de vinho e leva-la a sua boca. O celular não parava de tocar musica e finalmente ele descobria que som era aquele. “Clint Eastwood”, musica do primeiro cd da banda inglesa Gorillaz. Quase que ele ia falar com o rasta. Como assim, alguém escuta Gorillaz em um ônibus urbano de São Luis e fica por isso mesmo. Precisaria contar a historia daquele homem vestido de camisa da seleção brasileira cujo celular tocava Gorillaz.

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