quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A Praça digna

O raio x da sua visão se movia de um lado para outro da praça. A praça que se consagrou como a praça da Misericordia. Em algum momento da Historia, São Luis nomeou dignamente seus logradouros. A cidade perdeu essa capacidade de nomear com poesia dando prioridade a nomes de políticos e de famílias tradicionais maranhenses. A enfermeira que fumava seu cigarro antes de voltar ao batente no hospital em frente à praça não se deu conta, mas as posturas dela enquanto fumava e no instante que se erguia transpareciam dignidade. A dignidade de sair alguns minutos, fumar seu cigarro e pensar na vida. Faltou o cafezinho para acompanhar o cigarro e os balões de pensamento por cima da sua cabeça. A lanchonete do lado direito da praça se excede em gostosuras e segundo dizem “vende a melhor esfirra da praça”. É uma lanchonete digna, de pequeno porte em que mal cabem duas mesas para atender os fregueses, então se ela estiver lotada o freguês para não perder a viagem faz seu pedido rapidamente e vai se embora. Do lado esquerdo, os vendedores de frutas ocupavam a calçada da casa vizinha a praça. Contou-se dois vendedores e esses dois ( um homem e uma mulher negros) exerciam um domínio daquele minimo espaço através dos seus produtos e de suas falas dignas de vendedores solitários.

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