terça-feira, 30 de junho de 2020

Os criticos de machado de assis

Guimarães Rosa não mede palavras ao se referir a Machado de Assis depois da leitura de seu livro Dom Casmurro. “Não pretendo mais lê-lo, por vários motivos:  acho-o antipático no estilo, cheio de atitudes para “embasbacar o indígena”; lança mão de artifícios baratos...”. Quem leu os dois escritores e acontece de ler primeiro a prosa Machado de Assis para em seguida ler a prosa de Guimarães rosa concluiria que a linguagem de Machado referenciaria a linguagem de Guimarães Rosa. Santa ingenuidade. Tal tipo de conclusão, de que Machado de Assis é o grande provedor da literatura brasileira, é simplista e as frases de Guimarães Rosa escancaram as diferenças entre as linguagens de um e de outro. Diferenças entre Machado de Assis e escritores de primeira linhagem podem ser apreendidas em escritos de Lima Barreto e Mario de Andrade. Os dois escritores não tiveram o menor receio de exporem suas diferenças estéticas com relação aos escritos machadianos em artigos criticos. Dir-se-ia que a critica de Lima Barreto é afobada pois transparece uma ânsia de criticar e que a critica de Mario de Andrade é travada pois não se sabe bem o que ele critica. O comentário de Guimarães está presente em um diário que ainda não veio a publico e pelo tom e pelo arranjo quer parecer que foi escrito antes de iniciar sua carreira literária. É o tom reprovatorio de alguém jovem. “...acho-o antipático no estilo...”. Quem a não ser alguém jovem faria um comentário sobre esse aspecto. Mario de Andrade escreveu uma homenagem a Machado em 1939 pelo centenário de seu nascimento “Acontece isso da gente ter as vezes por um grande homem a maior admiração, o maior culto, e não o poder amar.” Alguma coisa em relação a Machado de Assis trava Mario de Andrade. O restante do paragrafo propõe que para conseguir ama-lo, Machado de Assis deveria ser menos genial como foram menos geniais Dante, Camões e outros escritores. O amor nos escritos machadianos não exerceu fascinio, diferente do ciúme, da hipocrisia  e da loucura que fascinaram Machado bem mais. A critica de Lima Barreto a Machado de Assis não é curta e fina. Ela é longa e grossa e de tanto ressentimento que o leitor quase prefere desistir da leitura, mas é bom lê-la para provar o veneno na literatura. “Machado era um homem de sala, amoroso das coisas delicadas, sem uma grande, larga e ativa visão da humanidade e da Arte. Ele gostava das coisas decentes e bem postas, da conversa da menina prendada, da garridice das moças.”

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