quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Máquinas pesadas atolam nos campos naturais de Anajatuba

Depois de muito tempo que ele entendeu para onde aqueles dois homens, uma mulher e uma criança se dirigiam. Aquela pequena comitiva tinha por direção as ilhas que se formavam nos campos naturais de Anajatuba quando as águas do rio Mearim subiam. Um dos homens retornava as ilhas para conferir a situação dos seus porcos que soltava no começo do inverno e que buscaria quando o rio baixasse. Programara-se para permanecer longe de casa por dois ou três dias no máximo. Sobre os ocupantes do outro barco (um homem, uma mulher e duas crianças) não prestou muita atenção. Dali onde partiam, podia-se navegar para Arari, Santa Rita, Bacabeira ou quem sabe São Luis. Nas ilhas dos Campos naturais, residem várias comunidades quilombolas que para se deslocarem em tempos de rio cheio navegam em pequenas embarcações a motor e em tempos de rio baixo se deslocam a cavalo ou a pé. Caminhar pelos campos naturais requer uma certa dose de experiência; por mais seco que os campos estejam quem anda pela primeira vez é capaz de atolar com bota e tudo. Os quilombolas que fugiam para essas ilhas pelas razões de sempre (escravidão, briga por terras, ameaças de morte e etc) nos séculos passados deviam passar por sérios apertos ao andarem pelos campos descalços. Eles andavam com pressa e descalços agilizavam os passos para que os seus perseguidores não os alcançassem no meio do caminho. Na pressa, os quilombolas largavam tudo que juntaram na antiga moradia, onde cresceram e formaram família. Os fugitivos escolheram as ilhas como refugio pelos fazendeiros ignorarem esses ambientes. Estes tambem podem ter concluído que os negros não dariam mais trabalho indo para lá. Provável que a ignorância/preguiça dos fazendeiros prevalecera porque difícil enumerar o tanto de ilhas que despontam nos campos e os quilombolas se espalharam por todas elas fundando núcleos. Praticamente impensável para os ignorantes/preguiçosos proprietários devassarem os campos atrás de quilombolas. Os fazendeiros/escravocratas foram espertos em deixar os quilombolas em paz nas ilhas pois temiam ou se perderem ou afundarem nos campos. A historia e a arqueologia dos campos naturais de Anajatuba, Santa Rita e Bacabeira é pouco estudada porque se fosse bem estudada a empresa EDP empresa sino portuguesa de energia tinha aprendido alguma lição com seus antecessores fazendeiros/escravocratas e evitado enviar suas maquinas pesadas revolverem os campos numa época em que ainda há bastante água por debaixo do solo. Deu no que deu, as máquinas atolaram, vazou óleo e peixes morreram.

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