quarta-feira, 29 de setembro de 2021

A carta escondida

Quase não dava pra ler as imagens que o seu amigo enviara pelo celular. O amigo vasculhara os arquivos da família e topara com aquelas folhas esmaecidas. Passados mais de cem anos, as folhas se mantinham intactas se bem que ofereciam uma certa dificuldade para quem as quisesse ler. No teor da mensagem, beves palavras explicativas. Tratava-se de uma reza que a bisavó passara para avó e que por fim fora entregue a mãe daquele seu amigo. Ora, aquilo era um documento histórico. As mulheres da família dele transmitiam através de uma carta palavras que procuravam curar os doentes, as grávidas e etc. Carecia de conhecimento cientifico? Pode até se, mas transbordava de conhecimentos e sentimentos humanos. A carta também era uma prova de que a comunidade quilombola de Peixe residia naquela terra há mais de cem anos. O conhecimento histórico é uma das vertentes do conhecimento humano e quanto mais historias como essa forem restituídas as populações quilombolas mais elas se fortalecem no seu dia a dia.

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