terça-feira, 31 de agosto de 2021

A rua quieta

A noite, foi a casa do amigo numa rua perpendicular a sua. Dormir cedo nem pensar. Dormia algumas horas das quais acordava pensando o quanto dormira. Por volta das sete horas, subira a ladeira. Trocaria breves palavras. O amigo se aprontava para sair. O cão na antiga casa de seu pai o aguardava faminto. Pediu que o seguisse pois se sentia melhor em companhia de alguém. Ele estranhava as ruas em que as pessoas desdenhavam do mundo. Para não fazer desfeita, fez-lhe companhia. Contava com a rapidez do amigo em colocar comida para o cachorro, obrigação que ele cumpria religiosamente nos dias em que o irmão passaria foras. Alguém deveria se ocupar do cachorro que chegara aos quinze anos. O seu pai morara naquela casa por décadas. Por alguma razão, não perguntou ao amigo o nome da rua, a ultima rua do bairro. Se prestasse atenção, veria que se mantinha pouco informado do que rolava no bairro. Dias mais tarde, descobriria o nome com o auxilio de um amigo geografo. O nome era Viveiro de Castro. No entanto, para si, o nome da rua pouco lhe importava. Pensava mais nas pessoas que moravam na rua por décadas e dificilmente punham a cabeça e os pés para fora de casa a nãos ser que fosse estritamente necessário. Parece que as pessoas assim que chegavam ali só queriam mexer naquilo que lhes diziam respeito. A senhora Madalena que chegou no bairro quando este se chamava Areal deve ser desse tipo de gente que se interessa apenas por suas coisas. A frente e a estrutura da sua casa permanecem as mesmas de sempre. Pois sim, a rua e as casas não abrem mão de suas quietudes.

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