domingo, 3 de outubro de 2021

O abandono dos rios

Ia a praia com os outros. Os outros o levavam. Se pudesse escolher, escolheria ir para um rio qualquer de sua cidade. Que pena, essa sua cidade não comporta nenhum rio. Outrora havia rios que cruzavam a cidade por todos os lados. Chegou a ve-los em suas versões esquálidas. Via-os de longe porque ou os via de dentro de um carro ou os via de dentro de um ônibus. Longe e do alto. O rio espera ser visto de perto e de suas margens. As pessoas chegavam perto dos rios e banhavam-se neles. Presumiam que dentro deles sentiriam tranquilidade. A cidade cresceu e as pessoas abandonaram os rios e os seus hábitos de lavarem-se e de lavarem suas roupas e louças neles. Os rios que as pessoas faziam questão de mergulharem foram trocados pelas praias. O que motivou a troca? A longa faixa de areia que vai de uma ponta a outra da cidade? A impressão de que as vidas das pessoas a beira da praia independem umas das outras? Bom lembrar o quanto as pessoas mantinham distancia do mar séculos atrás. O mar era visto como uma via de transporte. Banhos de mar viraram recomendação no século XIX. Aventava-se a possibilidade de que com os banhos de mar a saúde das pessoas melhoraria. Foi um pulo para que as pessoas adotassem o banho de mar como pratica social de saúde física e mental. Isso tudo significou o abandono dos rios e quem é abandonado estampa na cara o que sente. No caso dos rios, a principal estampa é a degradação ambiental.

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