terça-feira, 12 de outubro de 2021

Lendas e Mitos nos campos naturais de Anajatuba

Bem no fundo da sua alma, bem lá no fundo, ele ambicionava conhecer a foz do rio Mearim, no município de Arari, e as margens do rio em toda a extensão desde a foz até a baia de São Marcos. Trazia esse desejo tão expressivo. Um desejo que datava de pouco tempo e que não sabia bem como expressa-lo porque podia parecer algo de outro mundo. Afinal, o que há de tão significativo em um rio? As cidades, na maioria das vezes, originam-se dos rios porque elas se erguem sobre suas margens. A relação da cidade e seus moradores com a água doce se reflete na memória coletiva e na memória individual. A região dos campos naturais do rio Mearim, uma região acochada de água por seis meses, convive com a lenda de bolas de fogo que se transformam em uma mulher, a Cangapara. A lenda da Cangapara é uma forma de afastar visitas indesejáveis e proteger o território de quem possa vir a ameaça-lo com projetos de ganhar dinheiro fácil. A Eliane, presidente da União das comunidades quilombolas de Anajtuba, foi convidada para viajar a ilha dos Caranguejos por um pesquisador. Ao ouvir o nome ilha dos Caranguejos, ela se retraiu. “Vou nada. É um lugar encantado. Ninguem dorme lá”. Lendas e mitos de forte elemento hídrico que se contrapõe ao e complementam o espaço das cidades. As cidades não vivem sem água doce, mas, ao mesmo tempo, tem grandes dificuldades de convivência com esse elemento. Para resolver o dilema da convivência, as cidades constroem portos, estruturas de captação de água, estruturas de tratamento de esgoto e etc. nem tudo, porem, resolve-se com construções metálicas. As construções imemoriais (lendas, mitos) provam justamente esse ponto

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