sábado, 23 de outubro de 2021

A viagem e a comunidade quilombola

Os nomes de comunidades a beira da estrada se sucediam. Planejara o almoço para um restaurante no município de Peritoro. Almoçariam rápido. Cem quilômetros separavam a cidde de Peritoro da cidade de Caxias. Estimava em quase duas horas o tempo para cobrir a distancia. Tantas vezes viajara de ônibus por essa estrada nas férias de julho. Gravara na memoria somente os nomes das cidades que margeavam a pista. Gravara sobretudo a rodoviária de Peritoro, local de parada que antecedia os municípios da região do vale do Mearim e do vale do Itapecuru. Ele não descia mais na rodoviária de Peritoro com o pensamento voltado a um possível transporte que o transportaria e transportaria a sua família. Um possível transporte que sabe lá Deus que horas estacionaria na rodoviária. Descolou-se dessas memórias e descobriu a vantagem de disparar num carro. Com um carro, ele e seus colegas paravam onde quisessem. Aceleravam e desaceleravam de acordo com o ritmo desejado para a viagem. A velocidade que um carro imprime numa estrada federal não é a mesma que um carro imprime numa estrada vicinal. Os cuidados que se tem numa não são os mesmos que se tem em outra. Engana-se quem iguala os propósitos da viagem ao proposito das comunidades. Por mais que o carro acelere e chegue a tempo, a comunidade vê a vida de outro jeito.. A comunidade recebe a visita com toda educação o que pode mudar caso a conversa enverede por propostas indesejáveis. Um grupo de plantadores de soja vindos do Paraguai enviavam propostas de acordo para o senhor Edivaldo, presidente da associação do quilombo de Jacarezinho, município de São João do Soter. As propostas chegavam ao seu Edivaldo pelas bocas dos advogados que representam os plantadores de soja e o resumo das propostas era que se a associação abdicasse dos cinco mil hectares do seu território, ela receberia 120 hectares e o presidente receberia uma bela soma em dinheiro. Foram várias ofertas e todas elas a associação repeliu.

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