sexta-feira, 30 de julho de 2021

Comer galinha caipira na Chapada

Escrever é uma forma de tornar próximo aquilo que parece ser distante. O ano de 2004 ficou para trás assim como outros tantos anos de sua vida. Nesse ano, ele finalmente fora apresentado aos Gerais de Balsas. O Fundo Nacional de Meio Ambiente aprovara um projeto de revitalização de córregos em comunidades tradicionais que moravam nos Baixões encaminhado pela Associação Camponesa, sediada em Balsas. A fim de comunicar a aprovação do projeto as comunidades, uma equipe formada por membros da CPT e do Fórum Carajás saíram cedo da cidade de Balsas para jantarem e dormirem num entreposto comercial encravado na Chapada antes de descerem para os Baixões. Eles jantaram num pequeno restaurante cujo proprietário começara seus negócios naquele trecho como plantador de soja, negócio que não deu muito certo o que o levou a virar dono de restaurante. O jantar servido foi galinha caipira. Podia dizer que nunca comera uma galinha caipira com caldo tão grosso em toda sua vida. As suas experiências com esse prato até então se limitavam a poucos almoços e dificilmente nessas experiências o caldo engrossou tanto. Por mais que por aquelas bandas só houvesse plantadores de soja, o hábito de criar galinha caipira vinha bem antes do aparecimento da monocultura naquelas e outras Chapadas. Comer galinha caipira com aquele caldo grosso remetia a um mundo quase improvável de pessoas que viveram e ainda viviam livres sobre aquelas Chapadas e sobre aqueles Baixões. Coisa que a soja e outras monoculturas iriam substituir no seu devido tempo por outros valores. Eles jantaram e dormiram dentro da Toyota na qual viajavam. No dia seguinte seguiriam viagem pelas Chapadas e desceriam os Baixões para acharem as comunidades e o senhor João Fonseca, dirigente da ACA e geraizeiro das antigas.

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