terça-feira, 20 de julho de 2021

As ilhas quilombolas

Os postes iluminavam a estrada vicinal. Mesmo assim, a escuridão da noite dominava tudo ao redor o que impedia de ver qualquer coisa a poucos metros. O que para muitos significava uma distancia impressionante, para outros significava pouca coisa. Dentro do terreiro, pisava o chão encharcado pelas águas do rio Mearim. Fora do terreiro da casa, via as nuvens que sobrevoavam os campos inundáveis. Nem pensava em apanhar as nuvens aparentemente tão perto como também não pensava em pisar os campos por ser inexperiente naquele tipo de ambiente. Bem, o tipo de ambiente referido se tratava dos campos inundáveis um tipo de ambiente que mescla seis meses de submersão (embaixo de água) com seis meses seco ou com pouca água por cima da areia e da vegetação. Umas três vezes o convidaram para embarcar em algum barco ancorado as margens provisórias do rio Mearim e navegar até alguma das ilhas que se formam durante as cheias do rio porque se não fosse de barco teria que ir andando pelos campos e haja perna para uma empreitada como essa. Os quilombolas habitam essas ilhas: ilha do Teso em Anajatuba e Ilha das pedras em Santa Rita. Sustentam-se a base da pesca e muito recente viram os peixes fugirem por conta das ações da empresa portuguesa EDP que ergueu sua linha de transmissão de Miranda a São luis em pleno inverno o que assustou e afastou os peixes.

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