sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

O pregoeiro do sururu

Uma noticia de curta abrangência espacial e de curta temporalidade pode ser uma noticia extraordinária. O Marcos, morador do Monte Castelo, revelou que em trechos do rio Anil se verifica a presença de mariscos e de cardumes de peixes de água salgada que sobem o leito do rio na hora da maré encher. Ele costuma catar sururu próximo ao bairro da Camboa. Tem uma canoa pequena que mal dá para si e para outra pessoa se sentarem e remarem. No dia seguinte ao dia em que passa pescando e catando, Marcos percorre as ruas do Monte Castelo perguntando quem quer sururu (no paletó ou sem paletó) ou quem quer peixe fresco. O sururu, ele carrega numa lata dessas de manteiga e que o comerciante vende a varejo. O Marcos é quase um pregoeiro. Dá para associar a figura do pregoeiro a figura do trapeiro. Este coletava os trapos que a sociedade capitalista desprezava. Walter Benjamin, filosofo judeu marxista, em seu textos sobre Charles Baudelaire, escritor francês do século XIX, apontava semelhanças entre o trapeiro e o poeta porque seus trabalhos privilegiavam os desprezados pela sociedade. O pregoeiro saia pela cidade a oferecer cantando peixe, mariscos, verduras, frutas, juçara e etc porque o ludovicense pouco saia de casa para comprar mantimentos. O Mercado das Tulhas era o único mercado construído no centro de São luis e não vendia determinados produtos de primeira necessidade. Então, o pregoeiro é aquele que vende produtos em geral menosprezados pela sociedade, mas que na hora do aperreio da cozinha recorre aos seus serviços.

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