terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Brincar com as palavras

Os velhos caminhavam pela estrada do povoado Anajas dos Garces, município de Barreirinhas. Um carro parou ao lado deles e um ocupante perguntou: “Querem uma carona ? Vão para onde?”. Os dois velhos não tão velhos assim responderam a pergunta com ar juvenil: “Nós vamos as Tabocas.” Para responderem, eles acentuaram o s o que agradou ao ocupante do carro porque a forma que deram a resposta significava um frescor para a cultura daquele local. A fala diz respeito a cada um e diz respeito a como e com quem o individuo aprendeu a falar. O individuo as vezes não tem muito o que falar e para mostrar vivacidade enfatiza as poucas palavras que disponibiliza. O Divan Garcês, descendente de Divan Garcês 3, puxava uma prosa dentro do carro que os levavam de Barreirinhas ao povoado Anajas dos Garces. No mesmo carro, iam Mayron Régis, jornalista e presidente do Fórum Carajas, Edmilson Pinheiro, agrônomo e super secretario do município de Bequimão, e sua filha Ana Beatriz. Divan Garces foi ao fundo da memória com essas palavras; “Mayron Regis, aquele seu texto sobre as quitandas me recordou os comércios aqui da região. Um deles pertencia ao tio Binoca. O único comercio dos Anajas ao Gonçalo dos Moura.” Divan fala como se estivesse brincando com o som das letras que formam as palavras e as frases. Não é qualquer um que pronuncia Mayron Régis como ele o faz. O senhor Jose Emiliano, morador do povoado Buriti, brincou de outro jeito. Ele perguntou a uma jovem professora se lera a biografia de Santos dumont, brasileiro que inventou o avião. A professora respondeu que não. Dias depois, seu Emiliano retornou ao assunto e mostrou um livro com a historia do inventor brasileiro. O deslocamento de Barreirinhas a comunidade dos Anajás dos Garcês demorou uma hora. Nesse intervalo de tempo Divan Garces presidente do Centro de Direitos humanos de Barreirinhas assoprou várias historietas de sua família e daquelas chapadas que interligam o seu município ao município de Urbano Santos. Uma das mais recentes dessas histórias foi a do bacurizeiro que joga seus frutos verdes sobre o chão da Chapada e quem passa pensa que foram derrubados por uma pessoa ou mais. Todos sabem que bacuri verde derrubado não presta. Nesse caso, contudo, como caíram naturalmente e só aguardar um pouco que os frutos amadurecem e podem ser comidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário