terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

A realidade asfixiante

Em toda obra de Machado de Assis, não há uma grande referencia a festas. Pode ser que haja um ou outro passeio, um ou outro jantar e um ou outro evento de grande magnitude, mas eles não são essenciais para a narrativa. Machado de Assis, por assim dizer, evitava as festividades (quaisquer que fossem) e se as abordava via com um certo desconsolo, um certo fastio. Uma energia gasta a toa. Para que gastar tanta energia em três dias ( Carnaval)? Ele não pretendia responder essa e outras perguntas. Como escrito anteriormente, as festas se apagavam perante a narrativa Machadiana. A provável razão para isso é que Machado de Assis se resguardava de qualquer tentativa de assedio a si e a seus escritos por parte de outros escritores e da sociedade de maneira geral. Quem lê machado de Assis e a critica a sua obra sabe que uma das primcipais criticas feitas é que ele é muito serio, reservado, cético e desapaixonante. O que se quer saber a seu respeito está em seus livros. Ou melhor, o que não que se quer saber, pois a obra de Machado de Assis nega completamente a representação do eu burguês como se convencionou. Machado de Assis construiu a personalidade de Bras Cubas, Bentinho e outras personagens os espelhando em personagens da sociedade brasileira e seus hábitos característicos e costumeiros. Não como a sociedade os via (os grandes proprietários) e sim como eles se viam e como eles viam a sociedade em que se inseriam. Não há uma fofoca, uma maledicência e etc. Mesmo a suposta traição de Capitu se dá na subjetividade de Bentinho e demonstra o total descredito da possibilidade dela tê-lo traído. Esse era o projeto de Machado de Assis (provar que a realidade social asfixiava a subjetividade a tal ponto que ela criava uma sobre realidade) e caso ele o revelasse nas suas primeiras obras (fase romântica) talvez ele (o escritor, o comentarista, o contista e etc) não sobrevivesse as criticas que surgiriam para coloca lo a prova.

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