segunda-feira, 23 de março de 2015

Relatório de atividades Fórum Carajás/ASW

A parceria Fórum Carajás e ASW completou cinco anos no final de 2014. Como dizem cinco anos não são cinco dias. A região que o projeto atende é a região do Baixo Parnaiba maranhense.  Quem falou a respeito da ASW  para o Fórum Carajás foi Janina Budi em 2009. O primeiro contato se deu com Tina Kleiber em Belem durante evento da FASE. Naquele momento, o projeto apresentado foi o de manejo de bacurizeiros na comunidade de São Raimundo, município de Urbano Santos.  A conversa com a Tina Kleiber teve um sabor inacreditável para quem não se acostumara ainda a defender projetos. Ela leu todo o projeto e queria tirar algumas duvidas. No projeto, os recursos seriam destinados a capacitação dos moradores para a preservação dos bacurizeiros e o beneficiamento dos frutos.  O bacurizeiro predomina em vários trechos do estado do Maranhão e, por conta da expansão da fronteira agrícola, vem perdendo espaço para a soja, o eucalipto e a cana. Com o projeto, propunha-se uma alternativa agroextrativista e multiétnica ao avanço do agronegócio, pois onde ele se impusera sem resistência ou com pouca resistência, como em Brejo e Buriti, os impactos a sociobiodiversidade tinham sido devastadores principalmente com relação aos desmatamentos de espécies como bacurizeiro e pequizeiro, o rebaixamento do lençol freático dos rios Preto e Buriti e a erosão do conhecimento tradicional. Pode se afirmar que o agronegócio continuava no Baixo Parnaiba maranhense um projeto que correspondia a outros tantos projetos que destruíram a Mata Atlântica e parte do Cerrado do sudeste e do centro-oeste.  Por sua vez, o Maranhão já experimentava a destruição do Cerrado e da Amazonia desde a década de sessenta para projetos de agropecuária e em seguida para projetos de manejo florestal, só que em escalas menos agressivas do que seria sentido anos mais tarde com a entrada da soja e do eucalipto. A experiência de destruição em terras maranhenses ainda não tinha se definido como um projeto da macroestrutura do capital. O processo de destruição do meio ambiente também envolve a destruição de um modo de vida que no caso é um modo de vida tradicional pois vive em função dos recursos naturais. Tendo em vista esses aspectos, o Fórum Carajás ao apresentar pela primeira vez um projeto a ASW tinha em mente também a luta pela posse da terra e pela continuidade de uma linha de conhecimento tradicional que percorria séculos e séculos de existência. Essa é a linha que o Fórum Carajás risca pelo Baixo Parnaiba maranhense com apoio da ASW. Citou-se São Raimundo, em Urbano Santos, que por quase dez anos sustenta a luta pela preservação dos bacurizais, da Chapada e do rio Preguiça em conjunto com outras comunidades como Bracinho, mas poderíamos transferir essa citação para Buriti de Inácia Vaz, um dos municipios mais impactados pela soja a partir da metade dos anos 90. As primeiras investidas do Fórum Carajás em Buriti com apoio da ASW ocorreram nas comunidades de Belem e Carrancas. Foram dois galinheiros. Quando você faz as contas parece pouco perante o estrago causado pelo agronegócio, mas no caso de Vicente de Paula, morador de Carrancas, esse pouco significou muito, afinal com esse pouco ele adquiriu mais conhecimento socioambiental, politico e jurídico. A experiência de Vicente de Paula deu mostras de que o projeto de criação de galinha caipira poderia ser expandido para outras comunidades de Buriti. O próximo agricultor familiar a ser atendido foi o seu Luis Vitor, no final de 2014. O agronegócio o imprensou em uma pequena posse na comunidade de Capão dos Marcelos. O seu Omar o indicara para um possível apoio. O Vicente de Paula, na moto com seu genro, fora conhecer a área de 60 hectares. O seu Vitor concordou em receber o projeto da galinha caipira. Outros que receberam o projeto da galinha caipira foram o Filho, cujo filho foi ameaçado por um plantador de soja, a dona Antonieta que vive numa pequena posse de 20 hectares que um sojicultor “doou” para ela  e sua família e a associação do Araçá que vive numa área de 200 hectares titulada pelo estado. Além de Buriti, o Fórum Carajás apostou no financiamento da construção de galinheiros, entre o final de 2014 e começo de 2015, em Urbano Santos (Joaninha, Santa Rosa dos Garretos, São Bento e Cajueiro), Santa Quiteria (Capão), Basrreirinhas (Andressa) e Araioses (Vila Kauã).
Mayron Régis

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