segunda-feira, 2 de março de 2015

Cinco guserias podem fechar as portas no Maranhão

O Estado – Cerca de 2.400 empregados de cinco guserias que ainda estão operando no Maranhão correm o risco de serem demitidos caso permaneça a crise no setor e as siderúrgicas tenham que paralisar suas atividades devido à falta de mercado para o ferro­gusa, matéria-­prima do aço, e baixa no valor do produto.
O Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Estado do Maranhão (Sifema) já adiantou que de imediato 30% desse efetivo de pessoal terá férias coletivas a partir de 1º de março. “A atual crise enfrentada pelas guserias é pior do que no seu início, em 2008”, comparou o presidente do Sifema, Cláudio Azevedo, que reassumiu a entidade justamente nesse momento de grande dificuldade para o setor. Ele não descarta o fechamento de guserias e demissões.
Azevedo informou que a situação é tão grave e de enorme repercussão para a economia do país que somente no vizinho estado do Pará oito das nove siderúrgicas de ferro­gusa existentes já paralisaram suas atividades em decorrência da crise. Já no Maranhão, das sete siderúrgicas instaladas, somente a Gusa Nordeste, Siderúrgica Viena, Siderúrgica Pindaré e Siderúrgica Guarani (antiga Simasa), localizadas em Açailândia, e a Margusa, em Bacabeira, ainda estão produzindo ferro­gusa, mas com apenas 30% da capacidade.
A Companhia Siderúrgica do Maranhão (Cosima), em Pindaré-­Mirim, e Ferro Gusa do Maranhão (Fergumar), em Açailândia, já paralisaram por completo suas atividades. Segundo o Sifema, o fechamento das siderúrgicas ainda em operação refletirá na demissão de 2.400 pessoas que trabalham diretamente nas empresas. Mas o impacto total do encerramento das operações das indústrias deve atingir cerca de 15 mil pessoas, entre funcionários diretos e familiares, e empregados de empresas que atuam como fornecedoras de produtos e serviços ao setor, especialmente as instaladas em Açailândia.
“Toda a região sofrerá um forte impacto, caso as siderúrgicas sejam obrigadas a encerrar suas atividades. Até mesmo o comércio da cidade, que vive em função do ciclo de pagamentos dos funcionários e terceirizados das indústrias”, observa o presidente do Sifema, ao lembrar que no período de pleno funcionamento das guserias, Açailândia chegou a registrar o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e 2ª maior arrecadação do Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) do estado.
Discussão – A crise no setor guseiro, que se estende a toda a cadeia ­ siderúrgicas, carvoarias e reflorestamento – foi discutida na sexta-­feira passada pela Associação Comercial e Industrial de Açailândia. A entidade está preocupada com a iminência de demissões de empregados e o impacto disso na economia da região.
A situação também está sendo levada no âmbito do Governo do Estado, em busca de medidas que permitam a sobrevivência das empresas. “Iniciamos as conversas com o secretário de Indústria e Comércio, Simplício Araújo, com o apoio da Fiema, e solicitamos o apoio do governador para que autorize medidas de socorro às indústrias, como a liberação dos créditos de ICMS a que as empresas têm direito por serem exportadoras”, ressaltou Cláudio Azevedo.
Dia 25 deste mês, Cláudio Azevedo irá a Brasília, acompanhado do presidente da Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema), Edilson Baldez, para discutir o problema com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.
“Estamos recorrendo também ao Governo Federal, por meio do Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, para evitarmos o encerramento da atividade guseira no estado, que seria não apenas uma tragédia econômica, mas também social, em vista do grande número de trabalhadores ameaçados de perderem seus empregos”, enfatizou o presidente do Sifema.

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