domingo, 8 de setembro de 2013

As Chapadas de Buriti se escondiam




 

Depois de algumas horas, eles apearam para almoçar. O senhor Antonio José o convidara para comer feijão em sua residência no povoado Mato Seco. Antes, perguntara se ele comia feijão e obtivera um sim de resposta. Como não comeria feijão? Quem nesse mundo não come feijão? Na pergunta do senhor Antonio, algo indefinido se escondia. As Chapadas do município de Buriti se escondiam para a maior parte da população. As atenções se voltavam mais para sede do município e menos para os arredores dos povoados. As pessoas venderam suas posses nas Chapadas para comprarem motos e assim poderem partir em direção à sede. Elas saciaram seus desejos ao comprarem motos, mas viram seus objetos de desejo durarem pouco do mesmo modo que o dinheiro que receberam das mãos dos plantadores de soja. O senhor Osmar, morador do povoado Laranjeiras, confidenciou que, certa vez, um representante do sojicultor baixou em sua propriedade com duas motos. O representante trocaria as motos por aquelas terras. O senhor Osmar não quis nem saber dessa proposta que beirava o grotesco. Ele ganhara as terras e por nenhum negócio se desfaria delas. As suas terras limitavam com uma fazenda de soja. Em função dos impactos ocasionados pela monocultura da soja, escolheu-se a sua propriedade para receber um projeto demonstrativo de criação de galinha caipira. Esse senhor negro de mais de setenta anos, por enquanto, erguia sozinho o galinheiro porque os seus filhos se dedicavam a outros serviços perto dali. Sacava-se que o Antonio José ao convida-lo para almoçar pretendia mostrar a quantas andava o serviço do galinheiro em sua propriedade. O povoado Mato Seco se embrenha pelas bacias hidrográficas do rio Parnaiba e do rio Preto. As famílias do povoado se abastecem de um córrego que acolhe água de três minadores. Antes, elas desciam e subiam uma escadaria para levarem água para suas residências. Atualmente, já contam com uma caixa de água e com uma rede de distribuição.  Chegaram e foram almoçando o feijão. Quando se fala muito em comer feijão, pode-se pensar em figura de linguagem. Nesse caso não, o feijão e o arroz compunham o prato principal. Havia uns pedaços de tambaqui cozido que o Antonio José o instou a comer, mas ele declinou, contentando-se com o arroz e o feijão. 

 Minador de água em Mato Seco

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