sexta-feira, 19 de março de 2021

O heroísmo da vida moderna

Com o tempo, você descobre que os heróis não existem de fato. Lia as revistas em quadrinho, Marvel e DC Comics, e contava os dias para ler a continuação da historia na edição do mês seguinte. O mês de julho de 1983 decepcionou os leitores jovens porque a revista de Vanth Dreadstar, personagem do quadrinista americano Jim Starlin, não chegou as poucas bancas de revista de São Luis. A banca que eles compravam ficava na Casa Inglesa que também servia de parada de ônibus para os moradores da Liberdade, Fé em Deus, Camboa e parte do Monte Castelo. A distribuição da revista Vanthh Dreadstar simplesmente parou de acontecer. O personagem Vanth Dreadstar era o protótipo de herói que agradava a jovens que se desinteressavam dos heróis clássicos das revistas em quadrinhos porque misturava tecnologia e magica, lutava contra uma Igreja e um imperio que dominavam quase todo o universo, fazia parte de um grupo de heróis heterógenos ( um mago meio ciborgue, um gato humanoide e uma jovem) e porque era o único sobrevivente da Via Lactea. Ler quadrinhos de heróis desenhados por americanos era o máximo de heroísmo moderno a que sua imaginação podia chegar. Pode parecer pouco, mas ler revista em quadrinhos ou um livro numa cidade que oferecia poucas oportunidades de acesso a leitura deve ser visto como um ato de heroísmo e que sem esse ato de heroísmo o leitor verdadeiro deixaria de existir para aparecer em seu lugar um tipo de leitor que fingiria ler como forma de agradar a sociedade inculta e iletrada;

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