terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Toca o tambor na Chapada

A destruição provocada pelo agronegócio não se limita ao meio ambiente. A sua destruição pela memoria coletiva. Ele necessita alterar a memoria em seu amago para que as pessoas não resistam aos seus discursos. O discurso Agro é pop Agro é tudo tenta subjugar todas as formas de produção agrícola e ambiental. Como é possível que uma expressão tenha tamanha pretensão. Os publicitários são pretensiosos e seu projeto é dominar o mundo através de poucas palavras. Uma hora quem sabe aparecerá o Agro é bumba meu boi, tambor de crioula, tambor de mina e etc. Esse dia talvez demore a chegar tendo em vista a reação que um grileiro teve ao ver a comunidade quilombola Buriti dos Boi tocar tambor na Chapada. Várias vezes o grileiro passou de caminhonete tentando entender a muvuca de gente que se aglomerava em volta dos bacurizeiros para celebrar o dia de Santa Bárbara. A escolha do dia de Santa Barbara, dia 04 de dezembro, para a realização da atividade em que se denunciaria a grilagem de terras nas Chapadas do município de Chapadinha foi uma feliz coincidência. O Chico da Cohab estimulou a comunidade do Buriti dos Boi a fabricar os tambores que ecoariam pela Chapada durante o encontro. O resultado da fabricação não saiu conforme o previsto porque um dos tambores queimou. Esqueceram de desligar a fogueira. Brincadeira. Um tambor precisa passar um tempo ao fogo para o couro ficar no ponto para o tocador enfiar as mãos. Sobrou um tambor que deu pro gasto. Um dos gastos era justamente assustar o grileiro que pretende se apossar de e desmatar mais de quatrocentos hectares de Chapada rica em bacuri. O outro gasto foi que Chico da Cohab despontou como poeta popular “eu tava lá no alto da floresta quando o tambor me chamou/toca o tambor/toca o tambor/ que os extrativistas do bacuri já chegou”.

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