terça-feira, 25 de julho de 2017

Criador de gado expulsa posseiros em São Raimundo das Mangabeiras



Edileuza se surpreendeu. Saira de São Raimundo das Mangabeiras para passar o restante da tarde e da noite na posse de sua família na Barra da Onça. Pronta pra dormir com a luz de uma lamparina porque o senhor Raimundo, pretenso proprietário da terra, proibiu a Cemar de instalar a luz elétrica. Os funcionários da empresa escavaram buracos onde caberiam os postes. Não houve tempo para os funcionários. O senhor Raimundo os ameaçou. Caso insistissem ele processaria a empresa. A dona Edileusa obteve em 2013 uma liminar que obrigava a empresa a levar energia elétrica para sua posse. A energia elétrica também iluminaria outras casas além da casa de dona Edileusa. Como a empresa abortou a instalação, dona Edileusa cozinhou seu arroz de maria isabel so com a luz das chamas que queimavam a madeira no fogão rustico. Assim que terminasse de cozinhar, dona Edileusa partiria para assar uma carne de sol. Bem apropriada a combinação: arroz de maria isabel com carne de sol. Talvez essa refeição seja uma das ultimas da dona Edileusa e de sua família na sua posse na Barra da Onça. O senhor Raimundo ganhou na justiça uma liminar de reintegração de posse n justiça de São Raimundo das Mangabeiras. O Tribunal de Justiça do Maranhao manteve a decisão em primeira instancia. O irmão Francisco, membro do STTR de São Raimundo das Mangabeiras, antecipou que no dia da execução da liminar o sindicato levara um grupo de trabalhadores pra ficar na frente dos tratores. A dona Edileusa e sua família se apossaram de cinquenta hectares nos anos oitenta. E nessa terra, eles cultivam mandioca. Com a reintegração de posse, não haverá quem colha a mandioca plantada no terreno. A dona Edileusa apresentou sua propriedade para um jornalista que prometera visita-la durante um evento da CPT Comissão Pastoral da Terra em Loreto sobre o Matopiba. Ela o levou para a beira do rio Neves. O seu tio os seguia porque encheria os galões com agua e carregaria sozinho ate a casa dele. O senhor Raimundo, nas audiências na justiça, acusava-os de desmatar a beira do rio. Pelo que se viu as margens do rio Neves continuavam cobertas pela vegetação nativa; a família de dona Edileusa não se contentava e aumentava a cobertura florestal com plantios de manga. Sem energia elétrica, restava a dona Edileusa bombear a agua se valendo de óleo diesel. O senhor Raimundo é um homem sem sentimento? A mãe de dona Edileusa suplicou para que ele os deixasse permanecer. Ele respondeu que não tinha coração. O seu proposito ao expulsar a família de dona Edileusa é sedimentar o seu projeto de criação de gado sobre aquela morraria. E ele nem tanto gado assim que precise de muita terra e muito capim.
 Mayron Re´gis

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