quarta-feira, 2 de março de 2016

ESCASSEZ DE ÁGUA E A FALTA DE TERRA NO BAIXO PARNAÍBA MARANHENSE - O “MATOPIBA VEM AÍ!”. OUÇAMOS O GRITO DE SOCORRO DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS".





A Região do Baixo Parnaíba Maranhense ainda é muito rica em chapadas onde se localizam as nossas cabeceiras de rios e riachos, apesar do grave problema do agronegócio que toma as terras e suga grande parte dos recursos hídricos da região. As populações tradicionais que moram nesse território precisam diretamente das águas e das terras para manter suas sobrevivências, estas comunidades vivem ameaçadas por empreendimentos capitalistas desde muitas décadas atrás, modificam a paisagem e os modos de vida das comunidades atingidas. Primeiro foi o eucalipto que chegou no final da década de 70, depois a soja e outras monoculturas no inicio dos anos 2000. Os problemas fundiários são na maioria causados por invasões de fronteiras agrícolas e extrativistas dos camponeses (as); pois os trabalhadores (as) rurais já se reproduziam há séculos e séculos nessa região. Segunda as palavras do meu amigo Luiz Alves Ferreira, quilombola de Saco das Almas em Brejo, militante do CCN – Centro de Cultura Negra do Maranhão, médico e professor de patologia da UFMA e do mestrado de Saúde e Meio Ambiente, o mesmo dizia certa vez em sua fala documentada “Em vários trechos do Baixo Parnaíba maranhense, Cerrado e Semi-Árido e Mata dos Cocais lavam as mãos e os pés juntos nos rios que formam as bacias do Rio Parnaíba e do Rio Preguiças e que, com suas águas, abastecem as cidades do Baixo Parnaíba”. Com isso é verdade que o problema da escassez de água não atinge apenas as áreas rurais donde brotam as fontes, mas também as cidades, onde vivem a maioria das pessoas. PARA LEMBRETE, o Baixo Parnaíba Maranhense será atingido diretamente pelo grande impacto da NOVA FRONTEIRA AGRÍCOLA, conhecida como MATOPIBA, que resulta de um acrônimo criado com as iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Essa expressão designa uma realidade geográfica que recobre parcialmente os quatro estados mencionados, caracterizada pela expansão de uma fronteira agrícola baseada em tecnologias modernas de alta produtividade. VAI PASSAR EM 31 microrregiões e 337 municípios dos quatro estados que compõem a região. Ele resulta de um significativo Acordo de Cooperação Técnica assinado entre o INCRA e a Embrapa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, nesse território existem 324.326 estabelecimentos agrícolas E reúne 337 municípios e uma área total de 73.173.485 ha.  SÓ NO MARANHÃO O PROJETO ABRANGERÁ 33% DO TERRITÓRIO ESTADUAL, (15 microrregiões, 135 municípios, SOMANDO UM TOTAL DE 23.982.346 Hectares de terra). As projeções indicam que essa região, deverá produzir 22,6 milhões de toneladas de grãos no ciclo 2023/2024 e uma área plantada de grãos entre 8,4 e 10,9 milhões de hectares ao final do período das projeções. A Ministra da Agricultura KÁTIA ABREU, afirmou aos empresários árabes e as autoridades de vários países que o MATOPIBA terá um projeto específico de (desenvolvimento), e destacou que o Plano de Investimentos em Logística (PIL) prevê R$ 198,4 bilhões em concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, melhorando a logística de escoamento da produção de alimentos. (Fonte: www.sna.agr.br). PERGUNTAMOS ENTÃO, QUE DESENVOLVIMENTO É ESSE QUE SÓ BENEFICIARÁ OS GRANDES EMPRESÁRIOS? NESSE CENÁRIO COMO VAI FICAR OS CAMPONESES (AS) TRABALHADORES (AS) QUE DESENVOLVEM SUAS PRÁTICAS TRADICIONAIS NA AGRICULTURA FAMILIAR DE SUBSISTÊNCIA? E AINDA MAIS, PARA ISSO, TODOS NÓS SABEMOS que a pouca água que resta em nossa região será utilizada nesse imenso e perigoso empreendimento. OS POVOS TRADICIONAIS NÃO SERÃO BENEFICIADOS, FICARÁ APENAS UM LEGADO DE DESRESPEITO E AMEAÇAS CULTURAIS, ALÉM DA VOTA DA GRILAGEM DE TERRAS E O AUMENTO DOS CONFLITOS FUNDIÁRIOS E SOCIOAMBIENTAIS EM NOSSA REGIÃO.

José A. Basto





Ativista ambiental pelos direitos humanos

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