quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A MARCHA E A TERRA GERAM FRUTOS




Foi mais uma jornada cumprida em Brasília este mês de agosto; a marcha dos trabalhadores e trabalhadoras rurais que clamavam em uma única voz pela REFORMA AGRÁRIA urgente em nosso país. Juntos, reivindicávamos por nossos direitos garantidos por lei, mais de 100 mil pessoas de várias organizações do campo, das águas e das florestas dos 26 estados e do Distrito Federal iniciaram a grande marcha saindo do Estádio Mané Garrincha e seguindo para o Congresso Nacional pela explanada dos ministérios. É do saber de todos que no Brasil ainda não foi feito uma Reforma Agrária como o movimento social pretende: massiva, com gente, assistência técnica e produção agroecológica respeitando o meio ambiente e, sobretudo a biodiversidade. Também sabemos que desde 500 anos atrás a terra no Brasil sempre foi objeto de disputas, onde quem sempre venceu foi o latifundiário, restando apenas a violência para as camadas mais pobres: índios, posseiros, quilombolas, extrativistas... em fim camponeses e camponesas que sonham com a concretização de seus direitos sociais. Pois até hoje não existe uma política séria realmente de Reforma Agrária, no decorrer da história do Brasil foram feitas várias práticas que tentaram realizar uma reforma, essas ações distribuíram algumas terras improdutivas, que não são de interesse de uma classe ruralista muito forte, mas que engessa em grande parte essa distribuição de terras porque essa classe também tem representantes no Congresso Nacional. Como exemplo de países desenvolvidos que fizeram uma Reforma Agrária de sucesso, acreditamos na prática que não é só dar a terra e ali desenvolver um cultivo, a Reforma Agrária é cercada de uma série de fatores e não somente uma política de assentamentos fundiários. Uma outra questão dos nossos tempos é o problema do impacto ambiental e o avanço desenfreado do agronegócio que nunca respeitou os territórios das comunidades tradicionais; sendo estas as verdadeiras protetoras das florestas, babaçuais, cabeceiras de rios, chapadas e brejos. O assassinato de camponeses e lideranças ativistas no meio rural tem sido muito preocupante; estados como o nosso Maranhão, Mato Grosso e o Pará são constantes essas atividades de desacato aos direitos humanos e da vida: casas de trabalhadores são incendiadas, famílias inteiras despejadas sem nenhum amparo social. Um estudo sobre assassinatos no mundo, divulgado pelo Escritório da Nações Unidas, aponta que o Brasil registra 11,4% do total de mortes do planeta, segundo esse estudo da ONU , 437 mil pessoas foram mortas em 2012 no mundo; desses, 50.108 foram no Brasil. As maiores taxas de homicídios no planeta estão na América Latina e África, afirma a pesquisa. Nesse momento de crise econômica as coisas estão piorando ao invés de melhorar, a má distribuição de renda e as concentrações de terras e riquezas só favorecem os mais ricos, empresários, órgãos do capital e latifúndios. A cada momento explode no Congresso Nacional um esquema dos desvios do nosso dinheiro que pagamos com altos impostos – PECs e emendas parlamentares são aprovadas por alguns deputados que bate na cara dos trabalhadores que sustenta a economia como é o exemplo do fator previdenciário e terceirizações. Os homens e mulheres do campo e das cidades do nosso país fizeram sua parte nos dias 11 e 12 deste mês, lutamos por nossos direitos sonhando sempre com melhorias. Na capital do país lembramos naqueles dias a memória daqueles e daquelas que começaram essa batalha há muito tempo atrás, companheiros e companheiras que tombaram corajosamente e deram suas vidas por uma palavra chamada “LIBERDADE”. A pauta das reivindicações foi entregue à Presidenta da República na tarde do dia 12. Voltamos então para nossos estados com mais um dever cumprido, acreditando que a MARCHA E A TERRA GERAM FRUTOS.

José Antonio Basto
Urbano Santos-MA, 17 de Agosto de 2015
Militante dos Direitos Humanos
Descrição: C:\Users\SINDICATO\Pictures\JOSE ANTONIO BASTO Pasta\BASTO POETA.jpg(98) 98607-6807

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