quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A peste e a desgraça do eucalipto em Urbano Santos e Baixo Parnaíba





Viajar pela zona rural de Urbano Santos é sufocante ver “a peste e a desgraça das plantações de eucaliptos” da Suzano Papel e Celulose. Certo dia senti essa indignação quando me deparei com isso no Povoado Santana. Um desrespeito e desacato aos direitos humanos e da vida, os imensos mares de eucalipto conhecidos como “Monstros Verdes” vão de norte a sul das comunidades, prejudicando o meio ambiente, matando os animais e secando nascentes de rios e riachos, os eucaliptos são os verdadeiros responsáveis pelo grande impacto ambiental não apenas em Urbano Santos mas em toda região do Baixo Parnaiba. Essa política desastrosa implantada na década de 80 em nosso município nos faz refletir sobre a imagem do descompromisso dos governantes da época que venderam as terras devolutas do estado para a antiga Empresa Florestal LTDA, fazendo com que hoje esses grupos empresariais herdassem a maioria das áreas de terras conflitando sempre com as comunidades tradicionais, sendo estas portanto as verdadeiras donas do “Território Livre do Baixo Parnaíba Maranhense”. Citando comunidades como Joaninha, Mato Grande, Jacú, Santo Amaro, Centro Seco, Boião, Ingá, Bom Fim e muitas outras, pode-se ver a realidade das famílias de trabalhadores rurais enfrentando de cara essas desgraças referentes as plantações de eucaliptos. Reproduzindo as palavras de um antigo morador de Centro Seco, o mesmo me afirmou em uma conversa dizendo: “Não existe mais caça para nos sobreviver, o peba, o tatu, o veado e a cotia não andam por dentro do eucalipto e isso aqui está tudo tomado por essa peste, os nossos riachos e brejos secaram não tem mais peixes, a gente não come isso, isso não serve pra nada, a não ser para o bolso da Suzano”, afirmou. Sentindo-se na pele desse velho lavrador, podemos nos conscientizarmos o quanto o eucalipto é prejudicial para o meio ambiente e para a saúde das pessoas que vivem próximas dos campos. É importante acentuar o atraso que isso causa para a nossa Reforma Agrária, comunidades em conflitos como é o caso do Bracinho e São Raimundo vem enfrentando essa problemática. É do saber de todos que em nossos tempos atuais o capitalismo neoliberal não está suprindo as necessidades da humanidade, pois os grupos empresariais e o latifúndio em nosso país dominam ainda a maior parte de concentrações das terras, sobrando muito pouco para os camponeses usufruírem desses bens. Os quilombolas aguardam titulações, os indígenas esperam as demarcações e as comunidades tradicionais as vistorias e arrecadações. Um quadro explícito do atraso onde muito pouco vem sendo feito na questão fundiária, os recursos saem mas não chegam nos assentamentos e nem nas associações, apesar de todos esses entraves a AGRICULTURA FAMILIAR ainda  assegura mais de 65% do alimento que vai para a mesa dos brasileiros, de fato não comemos eucalipto, nem soja. Fico revoltado com a situação de nossos movimentos sociais que enfraqueceram não sei o porquê no Baixo Parnaiba, se enxerga que a soja tem avançado e o eucalipto também. O Município de Urbano Santos é pólo da Suzano e empresas terceirizadas que prestam serviços pra ela. Vai um aviso às organizações sociais em defesa dos direitos humanos: precisamos reerguer as lutas, as marchas, os seminários, as reuniões... os debates para a garantia dos nossos direitos, se é que eles vem. Nossas comunidades, a igreja e os órgãos de mobilização devem voltar os anos de ouro de um período em que crescemos e estávamos com força. Avante sempre contra o eucalipto e em defesa de nossas vidas!
(JOSÉ ANTONIO BASTO- militante)

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