O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
sábado, 26 de março de 2022
Caja Umbú
Hospedaram se na casa de Francisca e Luís município de Caxias. Quase não chegavam. Choveu tanto mas foi tanto nas Chapadas de Buriti que estradas afundaram submersas por grandes quantidades de água e viraram lagoas. O carro que viajavam meteu a frente em uma dessas lagoas e ia ficando. Os plantadores de soja desmataram as Chapadas e a água escorre rápido. O normal era que a água infiltrasse sob a vegetação do cerrado. O que levava dias leva horas o que acarreta enchentes. De Buriti a Caxias o pau que rola e soja. Os plantios de soja sufocaram diversas Chapadas e diversas comunidades Quilombolas e tradicionais. Os plantadores de soja entram pelas portas dos fundos do agronegócio tradicional que pede falência e vende suas terras para os sojicultores. O grupo João Santos que plantava cana e bambu vendeu grande parte de suas propriedades em Buriti coelho neto e caxias para os sojicultores que graças aos licenciamentos ambientais ocultos da Sema devastaram as Chapadas desses municípios e impressaram as comunidades nós baixoes. O cerrado da região de Caxias e um híbrido. Uma colagem de fisionomias humanas vegetais e animais inigualável que se formaram por décadas e séculos. O avanço do agronegócio despedaça essas formações ocasionando a perda da biodiversidade e a perda do sabor das comidas e das palavras. O suco do cajá umbu que Francisca e Luís serviram no almoço e que nenhum dos de fora haviam provado antes
domingo, 20 de março de 2022
A moral da republica e o maxixe
Corta Jaca é um maxixe composto por Chiquinha Gonzaga e por Machado Careca em 1895, entretanto ele ficará famoso em 1914 por conta de uma polemica envolvendo a apresentação executada por Catulo da paixão cearense e pela primeira dama Nair de Tefé, mulher do presidente Hemes da Fonseca. O maxixe é um genero musical com forte influencia de ritmos africanos em que as pessoas dançavam sensualmente nos salões da classe média urbana carioca. A primeira dama preparara uma despedida para o seu marido Hemres da Fonseca que encerrava seu mandato de presidente e para tanto convidara Catulo da paixão cearense que manejaria o violão enquanto ela cantaria e executaria os passos de maxixe. Os convidados, por certo, não ficariam sentados e seguiriam a anfitriã nos passos. O maior efeito do maxixe era despertar na plateia o desejo de experimentar a dança do maxixe “Corta-jaca” de Chiquinha Gonzaga e Machado careca acentuaa de maneira bem sugestiva esse toque sedutor do genero. No dia seguinte, o senador Rui Barboxa foi a tribuna do senado discursar e criticar a apresentação de um maxixe em plena sede do governo republicano: “O maxixe era a dança mais baixa mais chula mais grosseria de todas as danças selvagens. Irmã gêmea do cateretê, do batuque e do samba”.
Saliente-se que a republica no Brasil mal completara vinte e cinco anos A republica engatinhava em 1914 e a sociedade brasileira inexperiente explorava as suas sutilezas e essas sutilezas se referem ao fato de que a republica não é um sistema que defenda uma moral. O problema é que se a república engatinhava, a compreensão do que podia e do que não podia num sistema republicano também engatinhava. Com a republica, as classes médias haviam chegado ao poder e o maxixe expressava a tomada dos salões da republica pelas classes médias. O maxixe “Corta Jaca” que Catulo da Paixão tocava a esposa de Hermes da Fonseca cantava e dançava deve ter despertado a ira de Rui Barbosa porque ele trazia para dentro do palácio do governo republicano o povo. O povo nesse caso não é uma construção sociológica. Ele é uma construção real, pois elementos das classes populares elaboraram o maxixe nos seus primórdios para em seguida ser incorporado pela classe méida em seus ambientes de diversão. Diversão é uma palavra chave para entendermos a polemica provocada por Rui Barbosa. Ele via o palácio do Catete, a sede da república, como um espaço de trabalho sagrado e não para se divertir. Essa defesa de uma moral ou de uma ética para a republica se fará presente em momentos decisivos da historia politica e social republicana como no caso dos golpes e das tentativas de golpes.
quinta-feira, 17 de março de 2022
casa de comodo e batuque na cozinha no samba de João da Baiana
João da Baiana compôs “Batuque na cozinha” em 1917 e gravou-a anos mais tarde em 1968. Se fosse escolher uma marca para essa musica escolheria a marca do nascimento. É uma musica que trata do nascimento: do samba e do seu próprio nascimento ou renascimento. Nascimento do samba porque ;as batucadas na cozinha da casa grande urbana ou rural foram um dos princípios formadores do samba enquanto ritmo. Nascimento ou renascimento porque a musica é composta em 1917 por João da Baiana, gravada em 1968 e regravada por Martinho da Vila em 1972. “Batuque na Cozinha” ter sobrevivido sem ser gravada apenas tocada é um feito excepcional. Devem existir inúmeros casos parecidos na historia do samba e de outros ritmos presentes na musica brasileira. Dentre tantas musicas, “Batuque na Cozinha” se destaca por escancarar com ironia as circunstancias de nascimento do samba numa sociedade que não desejava que nascesse “Batuque na cozinha sinhá não que/por causa do batuque queimei meu pé”. Em poucos versos, João da Baiana conta e canta o quão negativo significava o batuque/samba para a sinhá e para a policia local. Deve se ver Sinhá e policia local como representações histórico sociais. A figura da sinhá por mais distante que fosse fez parte da vida dos pais e avós de João da Baiana e a polica local prendia não sambista João da Baiana e ;sim um conjunto de sambistas “Preto é igual em qualquer luga;”. A negatividade que Ko]ao da Baiana expressa em vários trechos não diz respeito apenas ao samba. a negatividade tambem diz respeito ao ambiente em que mora. Mora? “Não moro em casa de cômodo/ não é por medo não”. Um negro morar em cada de comodo no começo do século XX era bem difícil porque exigia uma renda que os ngros não aferiam. Então, João da Baiana ao relembrar como se deu o nascimento do samba no século XIX faz um comentário sobre como era continuar vivo no Rio de Janeiro republicano do começo do século XX. ;
terça-feira, 15 de março de 2022
O refugio da escrita
Alguns minutos das manhãs ele dedicava para conversar com o dono de um sebo no centro de São Luis. Saia de casa após as dez horas. Nesse horário, as ruas do centro se agitavam pelo constante fluxo de pessoas provenientes de bairros próximos e de bairros distantes. Nem todo o centro se agitava pela presença de pessoas. Partes do centro também se paralisavam ou se movimentavam com lentidão. Dezenas de pessoas aguardavam durante horas a sua vez de entrar na agencia bancária e haja espera. Ele preferia essa parte da cidade que pouco se mexia e esvaziava-se com certo desgosto. Preferia porque nesse desgosto todo de esvaziamento, excetuavam-se uma outra casa. O sebo de livros na metade da rua, não tinha certeza dessa informação, simbolizava essa exceção. Evitaria escrever simbolizava resistência ao esvaziamento já que qualquer coisa virou resistência ao capitalismo, ao patriarcalismo, ao conservadorismo e etc. Melhor que um sebo simbolize uma exceção num pais onde a regra é o esquecimento e a destruição do conhecimento. No sebo, ele se refugiava por alguns minutos e um refugio para merecer tal nome não mede esforços para receber be refugiados, exilados, desterrados, despersonalizados e fugitivos de toda ordem. Receber bem podse ser simplesmente perguntar se a pessoa deseja um café e caso deseje quem perguntou vai e retorna com um copo de café um pouco doce. Nada demasiado que estrague o gosto. Nesse ir atrás do e vir com o café, o refugiado se imiscui nos territórios livres das prateleiras repletas de livros anciãos que estão a venda. Uma investida que custa míseros segundos se sua existencia e que redundam em alguma descoberta. Jamais lera Mario Meirelles. Livro nenhum do historiador chegou as suas mãos. Aquele dia se diferenciaria. Imprensado enre dois livros, leu ‘Os holandeses no Maranhão”, autoria de Mario Meirelees. Pousou o livro sobre a mesa para folheá-lo. Sorvia um gole de café, sorvia outro. “Quanto custa ?”. “Te faço por cinquenta”. Uma edição da editora da UFMA publicada nos anos 90. Valeria a pensa compra-lo? Concluiu que não. Devolveu o livro para o dono do sebo. Aprontava-se para ir embora quando ouviu um achado. “Vendi outro dia um exemplar de um livro de Josué Montello com esse mesmo titulo. Uma rliquia. Coisa de colecionador”. Entendia porque do interesse de Mario meirelles pelo tema, mas o que levara Josué Montello, um escritor jovem da primeria metade do século XX, a escrever um livreto abordando esse assunto? A hipótese mais provável era que Josue Montello ambicionava ser aceito pela elite intelectual do Maranhão que ansiava por localizar em sua historia origens nobres e heroicas. A historia do Maranhão é cheia de saltos e de lacunas que se transforma em incertezas. Com esse livro, Josue Montello quis sanar essas duvidas em prol de uma imagem que correspondesse aos ideais europeizantes da elite maranhense.
segunda-feira, 14 de março de 2022
Dias perdidos na Historia maranhense
Um dia que não parasse para um conversa e um café no sebo seria um dia perdido. Tomava café que o dono do sebo sempre oferecia. Um café nem amargo e nem doce sorvia o café aos poucos. Pouco a pouco, o conteúdo se esvaziava. Bem ele bebia, bem ele ouvia o dono do sebo. “Faço esse livro por cinquenta reais”, disparou. O livro em questão se assentara sobrea a mesa do sebo e ele virava as páginas. “Nunca li Mario meireles”. Quase desfaleceu pela imensa surpresa, o dono do sebo. Quem dera tivesse lido os clássicos da historia maranhense e da literatura maranhense. lera muito pouco. Inesquecia uma aula na sétima serie em que o professor retocava uma viagem pelo alto mar em um barco de pescadores que de tanto balançar fez com que vomitasse. O máximo de historia e cultura maranhenses por muito tempo. Mario Meireles escrevera o livro “Os holandeses no Maranhão” que ele abria e reabria com o ouvido atento para o que o dono do sebo falava. Pensou bastante e decidiu devolver o livro. Devolver um livro dificilmente teria um resultado como ele veria em seguida. ‘Tu sabias que Josué Montello escreveu um livro com a mesma ideia de Mario Meirelles?”, peguntou o dono do sebo. Josdué Montelo escreveu um livro abordando o tema da presença holandesa no Maranhão com menos de vinte anos provavlemtne no final da década de 30. É compreensível um historiador igual a Mario meirelles escrever um livro com essa temática. O que motivou um jovem escritor chamado Josué Montello a escreve um livreto com temática parecida? Os holandeses se demoraram três anos no litoral maranhense. Deixaram alguma contribuição relevante para o Maranhão do século XVII? A hipótese para que Josué Montello escrevesse um texto desse tipo reside no fato de que a historia do Maranhão para as elites maranhenses não correspondia aos seus ideais e a uma ideia de povo e Estado. Escrever sobre esses fatos significava que o Maranhão não se perdera dentro da Historia do Brasil.
sábado, 12 de março de 2022
Carnaval e samba no interior da sociedade brasileira
Dois anos sem carnaval. Transmitia-se muita alegria nos três dias de carnaval. Ouvia-se muito samba pelas rádios. Associava-se carnaval e samba como se fossem uma coisa só. De uma hora para outra, não se transmitiu mais alegria e samba. O que ocorreu para que a rede de transmissão parasse e nada fosse feito a fim de impedir a total interrupção? Nenhum outro pais um evento sócio cultural l exerce tanta força e função simbólicas tipo oque acontece com o Brasil em dias de carnaval. O carnaval no Brasil adquiriu um caráter único diferente do que ocorreu em outros países e adquiriu esse caráter de uma forma muito rápida e de uma forma muito orgânica. O carnaval teve vários nomes que representavam as diversas brincadeiras que se conflagravam. Não havia um caráter a unificar as brincadeiras. Brincava-se sozinho ou em pequenos grupos. Essa disposição começa a mudar no final do século XIX com a chegada de negros recém libertos pela Lei Aurea. A presença de negros oriundos da zona rural inseriu nas brincadeiras o batuque num ambiente de instrumentos de corda e de sopro. O samba ainda não fora inventado. Inventara-se outras manifestações: maxixe, lundu e etc. o samba seria inventado nos anos 30 e com sua assunção os ritmos originários da musica brasileira moderna deixaram de ser valorizados. A modernização trazida pelo regime de Getulio Vargas implicou em mudanças econômico sociais politicas, culturais e artísticas. Destacou-se culturais e artísticas por ultimo porque são categorias que o sistema bota de lado no planejamento e na execução de seus projetos. Elas acontecem, o Estado querendo ou não. e o Estado quase sempre evita tomar consciência do papel desempenhado pela cultura e pelas artes no interiro da sociedade. O regime de Getulio vargas propunha a centralização da vida econômica e social em sentido contrario da dispersão que na republcia velha. Os fatos que se desenrolavam no nordeste pouco interessavam aos estados do sudeste e assim por diante. No regime de Getulio Vargas, cultura e arte foram dissolvidas na estrutura politico social e econômica que se modernizava. O carnaval e o samba entraram nessa dança do capitalismo estatal . Tornaram-se símbolos do Brasil por muito tempo. Uma hora o efeito simbólico exercido pelo discurso estatal se esgotou. Que ano foi esse em que o carnaval deixou de ter participação na vida das pessoas para em seu lugar surgisse o seu inverso? Dois anos sem carnaval e sem samba no carnaval nada mais é do que a substituição de eventos culturais e simbólicos cujas raízes se encontram no começo da republica por outros eventos culturais e simbólicos que não se sabe a origem.
quinta-feira, 10 de março de 2022
Mil dias e mil e uma noites
Não importava a distancia percorrida e o cansaço resultante. Distante, uma cidade se torna a medida que o individuo se move para fora dos seus limites. E quanto mais o individuo se afasta, mais imagnes de uma cidade longínqua se agregam as imagens que ele apreende em algumas horas de tráfego intenso. A cidade se torna distante materialmente porque ele não pode leva-la consigo. O tanque de combustível do carro comporta cinquenta litros de gasolina. O porta malas comporta algumas malas. E os bancos comportam cinco pessoas. Os mais de meio milhão de carros que trafegam pelas ruas e avenidas soltam a cidade a cada aceleração e deixam-na inválida no portão fechado da igreja. A igreja precipitou a cidade para um precipício. Dele se enxerga um barco que navegou o mar por mil dias e mil e uma noites.
O sertão
A região de Caxias, município onde se realizou o encontro de comunidades quilombolas, foi um dos epicentros da Balaiada, revolta que ocorreu na primeira metade do século XIX e que se espalhou pelo leste maranhense, pelo Piaui e pelo Ceará. Outro epicentro da revolta foi o município de Colinas. Tanto Caxias como Colinas formam a porta de ebtrada para o sertão maranhense. O sertão no imaginário popular é aquele lugar que fica distante de tudo, de onde se tem pouca informação, região onde moram poucas pessoas, de muitos recursos naturais, mas de grandes dificuldades de viver, lugar perigoso, de gente selvagem e etc. Dizem que quem cometia algum crime e fugia da justiça se esconderia no sertão, lugar em que para se encontrar um ser humano se demorava horas e horas e quems abe dias. O interior do Maranhão sempre foi um mundo a parte tendo em vista o litoral que significava qualidade de vida e civilização. O sertão era o contraponto a ideia de civilização que as elites construíram ao longo de anos e séculos. Uma das grandes marcas da dita civilização é que haja fornecimento de energia elétrica. Caso não haja, com certeza, alguém comentará dessa forma: “Que lugar mais atrasado!!!”. O sertão também é um lugar de muita religiosidade e muita ;pobreza material. A distancia desempenhava um papel importante na sensação de miséria que as comunidades sentiam sobre si e sobre os outros. As comunidadades quilombolas que participaram do Encontro de Comunidades Quilombolas em Caxias com apoio do Fundo Casa vieram de muito longe em relação a sede do município. Uma ou outra que ficam perto, mas a grande maioria das comunidades fica longe, longe de tudo e de todos, de qualquer beneficio proporcionado pela dita civilização e a mercê dos malefícios dessa mesma dita civilização como a destruição do meio ambiente.
segunda-feira, 7 de março de 2022
O Maranhão ficará para trás? A História responde
Ficar para trás. Quem quer ficar para trás? Ninguem quer ficar para trás. Nos anos 80, o governo republicano de Ronald Reagan iniciou o programa “Guerra nas Estrelas”, um programa bilionário e até trilionário em dólares que construiria um sistema de defesa na atmosfera do planeta cujo propósito seria defender os estados Unidos de um eventual ataque nuclear da União Soviética. O propósito declarado era esse. O propósito não declarado era deixar a União Soviética para trás na corrida armamentista tecnológica. O que acabou acontecendo, pois em 1989 o bloco soviético começou a desintegrar. Os investimentos em tecnologia militar tambem cobraram seu preço junto a sociedade americana visto que os investimentos em saúde e educação por parte dos governos americanos decaiam consideravelmente o que impactou a vida dos cidadãos e impacta ainda hoje. Na corrida militar dos anos 80, a União Sovietcia ficou para trás assim como boa parte da população americana e grande parte da população mundial. Transcorridos quarenta anos de “Guerra nas Estrelas” o mundo ainda vive sob a cangalha de não “ficar para trás” só que com outra vestimenta: o consumo. O maranhão não pode “ficar para trás” em termos de consumo e em termos de produção. Para que o Maranhão não fique para trás é preciso que o estado abra mão de todos os seus valores, de sua historia e dos seus recursos naturais como se vê no projeto modernizador das elites que ora governam o estado. Isso se dá tanto em questões relativas ao meio ambiente, a defesa dos direitos de comunidades tradicionais e incentivo a agricultura familiar e extrativismo. O Maranhão não ficará para trás? Quem sabe? “A História responde...”, escreveu o poeta e ensaísta russo Joseph Brodsky.
sábado, 5 de março de 2022
A soja toma de conta do Maranhão
Um determinado substantivo sempre surge quando o assunto é compra e venda de terra. Agrimensor é o cra que mede terra, mas também é oc ara que negocia e que faz as transações licitas e ilícitas. É o cara que vai à frente para que os verdadeiros interessados fiquem a sombra e não tenham seus nomes envolvidos. O senhor Helio é um agrimensor e faz trabalhos para a fazenda Colinas Verde, que de verde só tem a soja que planta e mais nada. O senhor Helio e o senhor Paulo, gerente da fazenda, cumprem a incumbência de seduzir os moradores que vivem nas vizinhanças e que possuem alguma terra que lhes pareça interessante de comprar e plantar soja. Os mais recentes seduzidos pela dupla foram os assentados e quilombolas da Floresta que compõem o território quilombola Jaguarana e Floresta no município de Colinas, centro leste maranhense. essa não é uma ação isolada tanto em relação a Colinas como em relação a outros municípios do Maranhão. Os plantadores de soja estão assediando assentados quilombola e indígenas para venderem ou arrendarem seus territórios planejando desmatar e plantar soja, milho e outras monoculturas. O oeste maranhense ou amazonia maranhense virou um grande plantio de soja em áreas que antes se destinavam a reforma agraria ou a pecuária. O que restou de Amazonia está nas mãos de indígenas, pequenos proprietários, posseiros e comunidades quilombolas. A mesma coisa se planeja para o centro leste maranhense onde residem várias comunidades quilombolas, posseiros s, pequenos e médios proprietários. No caso de Jaugaran/Floresta, a venda de lotes e o desmatamento desses lotes incorre em crime porque é um território tradicional onde prevalece a coletividade e não o individuo.
sexta-feira, 4 de março de 2022
O beco da bosta e a moral burguesa
Celso Borges, poeta e escritor maranhense, publicou em seu livro mais recente a historia da gravação do disco “Lances de Agora”, do compositor Chico Maranhão. Em um trecho, Celso ilumina nomes antigos de logradouros do centro histórico de São Luis como a designação “Beco da Bosta”, dada a uma viela utilizada pelos negros que carregavam os excrementos de seus proprietários em latas e despejavam-nos no ambiente marinho afinal nos primeiros séculos de existencia de São Luis as casas indispunham de saneamento báisco e a única forma de livrarem-se dos dejetos era carrega-los pelos traçados irregulares da cidade. Uma das teses que ceso Borges defende em seu livro é que as musicas compostas por Chico Maranhão emanam antiguidades cujas procedências foram esquecidas como o caso do “Beco da Bosta”. Andar pelo “Beco da Bosta” fazia parte do aprendizado dos negros escravizados que moravam ou transitavam pelo Centro de São luis nos idos dos séculos XVIII E XIX. “Isso vai lhe servir no futuro”. A moral burguesa aplicada nas costas dos cativos.
quarta-feira, 2 de março de 2022
O desprezo pelas comunidades quilombolas
Ele gostava de4 escutar. Não havia comparação entre escutar e falar. Preferia escutar a falar. E escrever. Escutar e escrever se interligavam. O que ele escreveria naquela noite, escutou três semanas pra trás. Decidiu esperar o momento adequado para por no papel o que escutara nos corredores e salas de uma escola publica d povoado quilombola de peixe, município de Colinas, centro sul do Maranhão. A escola atendia pelo nome de um dos oligarcas locais de Colinas, o qual passara a vida oprimindo os quilombolas. A opressão a um semelhante, é bem possível que o oligarca visse com superioridade os quilombolas, requer um certo desprezo pela vida para que aconteça. Desprezar o outro e tudo o que ele construiu ou pretende construir. O desprezo vai envenenando a vida social e politica até virar um ambiente natural por de onde anda escapa. Os quilombolas, em Colinas e em todo o Maranhão, foram desprezados e menosprezados pels oligarquias e nada mais acintoso nesse desprezo e e menosprezo do que o nome do oligarca local estampar a escola da comunidade quilombola.de peixes. Nessa escola ocorreu uma reunião em que estiveram presentes diversas comunidades estiveram presentes e na qual foram entregues mudas de bacuri para que as comunidades plantassem em seus territórios. Também foram entregues mudas de outras espeices nativas do Cerrado maranhense. a maioria dos presentes conhecia o bacuri e provaram o suco proveniente da polpa da fruta. O bacuri está presente m quase todo o Maranhão. Em maior ou menor quantidade, dependendo da região. Onde o bacuri chega, ele domina, mas se dizimou boa parte dos seus indivíduos com inutio de fornecer madeira para serrarias na década de setenta e oitenta. Logo depois, o agronegócio da soja terminou o serviço de exterminar os bacurizeiros restantes e as Chapadas onde se estabeleceram. A memória dos quilombolas percorre trechos curtos. A jovem quilombola acreditava que para quebrar a casca do bacuri bastava morder forte. Quebrou um dente. O jovem quiolombola, recém chegado a peixes, catava bacuris com a mãe em Chapadas de Passagem franca. Rfeferia-se pelo nome Tabuleirão. Eles obtinham valores monetários com os bvacuris, a polpa e o óleo de bacuri. Os proprietários desmataram a Chapada toda, plantaram capim e soltaram gado por toda a propriedade. Criar gado deve render uma boa grana aos proprietários. Os quilombolas vão se virar em outro canto que não seja aquele.