O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
terça-feira, 15 de março de 2022
O refugio da escrita
Alguns minutos das manhãs ele dedicava para conversar com o dono de um sebo no centro de São Luis. Saia de casa após as dez horas. Nesse horário, as ruas do centro se agitavam pelo constante fluxo de pessoas provenientes de bairros próximos e de bairros distantes. Nem todo o centro se agitava pela presença de pessoas. Partes do centro também se paralisavam ou se movimentavam com lentidão. Dezenas de pessoas aguardavam durante horas a sua vez de entrar na agencia bancária e haja espera. Ele preferia essa parte da cidade que pouco se mexia e esvaziava-se com certo desgosto. Preferia porque nesse desgosto todo de esvaziamento, excetuavam-se uma outra casa. O sebo de livros na metade da rua, não tinha certeza dessa informação, simbolizava essa exceção. Evitaria escrever simbolizava resistência ao esvaziamento já que qualquer coisa virou resistência ao capitalismo, ao patriarcalismo, ao conservadorismo e etc. Melhor que um sebo simbolize uma exceção num pais onde a regra é o esquecimento e a destruição do conhecimento. No sebo, ele se refugiava por alguns minutos e um refugio para merecer tal nome não mede esforços para receber be refugiados, exilados, desterrados, despersonalizados e fugitivos de toda ordem. Receber bem podse ser simplesmente perguntar se a pessoa deseja um café e caso deseje quem perguntou vai e retorna com um copo de café um pouco doce. Nada demasiado que estrague o gosto. Nesse ir atrás do e vir com o café, o refugiado se imiscui nos territórios livres das prateleiras repletas de livros anciãos que estão a venda. Uma investida que custa míseros segundos se sua existencia e que redundam em alguma descoberta. Jamais lera Mario Meirelles. Livro nenhum do historiador chegou as suas mãos. Aquele dia se diferenciaria. Imprensado enre dois livros, leu ‘Os holandeses no Maranhão”, autoria de Mario Meirelees. Pousou o livro sobre a mesa para folheá-lo. Sorvia um gole de café, sorvia outro. “Quanto custa ?”. “Te faço por cinquenta”. Uma edição da editora da UFMA publicada nos anos 90. Valeria a pensa compra-lo? Concluiu que não. Devolveu o livro para o dono do sebo. Aprontava-se para ir embora quando ouviu um achado. “Vendi outro dia um exemplar de um livro de Josué Montello com esse mesmo titulo. Uma rliquia. Coisa de colecionador”. Entendia porque do interesse de Mario meirelles pelo tema, mas o que levara Josué Montello, um escritor jovem da primeria metade do século XX, a escrever um livreto abordando esse assunto? A hipótese mais provável era que Josue Montello ambicionava ser aceito pela elite intelectual do Maranhão que ansiava por localizar em sua historia origens nobres e heroicas. A historia do Maranhão é cheia de saltos e de lacunas que se transforma em incertezas. Com esse livro, Josue Montello quis sanar essas duvidas em prol de uma imagem que correspondesse aos ideais europeizantes da elite maranhense.
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