O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
terça-feira, 3 de setembro de 2024
maranhao rico
De tanto ler e ouvir que o Maranhão um dia fora rico, chegou a acreditar. Uma vez, na casa dos seus bisavós, ainda criança, pusera os olhos num pé de algodão. Olha aí a prova da riqueza do Maranhão. No século XIX, o Maranhão liderara a produção de algodão por um curto espaço de tempo. Tempo suficiente para ficar na memória. Assim como ficara na memória a Praia Grande, os seus casarões e seus comércios, onde era comercializada toda a produção vinda de parte do interior. Grande venda de arroz, babaçu, azeite de babaçu, algodão, pescado, carne e etc . A Praia Grande se modernizou e vem se modernizando desde os anos 80, e o que se vê mais, é a venda de artesanato, obedecendo a uma visão de que o Maranhão é e um estado pré industrial. E como tal, o Maranhão tem que aderir incondicionalmente, as forças produtivas mais modernas como a soja. Uma das provas dessa adesão incondicional foi a substituição do azeite de babaçu pelo óleo de soja no começo dos anos 80. A propaganda da indústria de soja induzia as pessoas a consumirem o óleo, porque era um produto que modernizava a cozinha. Um argumento é pouco. Passado um tempo, a indústria da soja veio com o argumento que a soja levava saúde para casa toda. Investir em produtos derivados da soja, equivalia a investir em saúde, boa alimentação, qualidade de vida e economia. Interessante como vai se montando todo um discurso que fundamentara a apropriação dos recursos naturais pela cadeia produtiva da soja. Quem não planta e não beneficia soja, não move economia e nem movimenta a cultura. A reação dos plantadores de soja é de depreciar as atividades produtivas e as manifestações culturais das comunidades quilombolas e tradicionais do Baixo Parnaíba, que lutam contra seu avanço. Depreciam com auxílio da tecnologia. Um funcionário do banco do nordeste em Chapadinha, em recente vistoria realizada pela vara agrária na comunidade Buriti dos Boi, anunciou que filmara a chapada onde a comunidade coletava bacuri e não idêntificara nenhuma moradia. Quase que perguntou "porque o senhor fizera a filmagem e o senhor é funcionário do banco do nordeste ou agente do agronegócio?".
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