O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
domingo, 19 de maio de 2024
aluisio azevedo
Colocar as coisas em seus devidos lugares. Eis o mínimo que se exige de qualquer um. Podia dizer ou escrever sem se indispor com a dura e fria realidade que não conhecia Aluísio Azevedo. Não o vira em canto algum ou canto nenhum da São Luís onde nasceram os dois em tempos distintos. Nem poderia, não e verdade ? A figura de Aluísio como escritor carecia de uma forma determinada para que pudesse distingui lo de outros tantos escritores que assomam por aí. Com o tempo, Aluísio Azevedo se tornou um o seu herói literário muito por essa imprecisão. Em se tratando de Machado de Assis, só existe precisão. A sua vida pessoal interessa muito pouco a sua vida de escritor. Aluísio Azevedo fazia questão de misturar sua vida de escritor e sua vida privada. Conta se que paquerava com mulheres casadas e boxeava com os maridos caso viessem tirar a história a limpo. Para um jovem que começava a se interessar por literatura, esse e o tipo de heroísmo que atrai. No entanto, isso não é literatura. Nem tampouco o fato dele ser republicano e anti escravocrata faria supor que escreveria grandes obras. Ele escreveu dois grandes romances, pelo menos, cujos trechos guardava na memória. O cortiço e o mulato. Quanto algo fica na memória porque é duradouro. De o cortiço guardou principalmente a cena final em que a senhora negra se mata na frente de várias pessoas ao perceber que o comerciante português havia lhe vendido. Esse era o epílogo do romance, mas não o epílogo que muitos ansiavam. Pela narrativa pressupunha se que Aluísio manteria o desejo sexual como uma das unidades basilares do romance. Na verdade, com o epílogo Aluísio desmascara o desejo que vinha transparecendo em várias passagens. O que se vê não e mais o desejo. É mercadoria pois quando não há mais desejo o que sobra? O ser humano mercantilizado.
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