O Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Comunidades do Baixo Parnaíba e Fórum Carajás)
domingo, 8 de agosto de 2021
O direito a ver sua historia contada de forma digna
O senhor Santinho riu um pouco. Achou curioso o titulo do livro. “De tudo quase nada”. O autor do livro presenteara ele e o marido da sua tia com um livro para cada um. Eles, por seu lado, o presentearam com melancias da lavoura do seu Santinho. É claro, as melancias não se destinavam apenas a ele. Elas também se destinavam ao senhor edmilson, agrônomo, e ao senhor Fabio Silva, ativista social, ambos secretários da prefeitura municipal de Bequimão. Sempre lhe pareceu que os agricultores familiares ao presentearem uma pessoa e sua família com frutas, legumes, frango caipira entre outras coisas davam demonstração de gratidão por algo que não decifrava. E não podia decifrar tão subitamente já que os códigos de convivência entre agricultores familiares e os poderosos foram estabelecidos muito antes do seu nascimento. No caso de Santinho, as melancias provavam o carinho que ele transparecia por Fabio Silva que passara três anos sem por os pes no território quilombola Cruzeiro, município de Palmeirandia. Os dois foram militantes da Comissão Pastoral da terra e dedicaram-se a mobilizar comunidades tradicionais de todo o Maranhão. Os dois deixaram a CPT e continuaram as lutas do melhor jeito que podiam aferir. Santinho virou liderança de Cruzeiro e desempenha um papel ativo no processo de regularização dos mais de 700 hectares e Fabio Silva foi nomeado secretario de igualdade racial de Bequimão. Nesse momento, em Palmeirandia, a Fundação Palmares reconheceu somente três comunidades como remanescentes de quilombos sendo que ao todo existem mais de 40 comunidades passiveis de reconhecimento. Reconhecer essas quarenta comunidades como quilombolas despertaria o município de palmeirandia para os direitos dos povos quilombolas que foram negados por séculos. Um desses direitos é o de ver sua historia ser contada de maneira seria e digna. As casas grandes, onde moravam os latifundiários escravocratas e suas famílias, perigam serem derrubadas porque empresários de fora compram os territórios quilombolas em toda palmeirandia. Essas casas grandes não foram tombadas e precisaria ter uma legislação para impedir as suas derrubadas.
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